O Castigo quando não vem a cavalo...

Cinquenta de união suportando o insuportável, tendo manter a família unida, porque foi criada para agir desse jeito, a postura de uma mulher da minha época tem que ser assim... Não podia ter uma amiga, as filhas não podiam levar uma colega para casa, que o dito cujo queria passar a vassoura em todas; era com a vizinha, era com a empregada, era com todo mundo, porém ele nunca tinha ‘tentado ir tão longe’.

Setenta e seis anos, ninguém sabe o que aquela adolescente viu nele, só sei dizer é que ele não pensou duas vezes para fazer a cabeça da colega de sua neta. Uma adolescente de dezesseis anos de idade. Na época quando ela chegava para passar uns dias lá era recebida como uma filha, dona Inácia tinha a maior preocupação com a alimentação da ‘menina’ pois essa não comia, beliscava. Resultado: Traição, injustiça, decepção, amargura, frustração, auto-estima zero. Questionado quanto à sua maneira de agir ele dizia: “Quem gosta de velho é cadeira de balanço. O mundo é assim, hoje eu a troquei por outra mais nova, amanhã essa me troca por outro, e assim vai.”

A velha entrou em depressão, surtou, correu atrás de gente, tentou matá-lo, e por fim se enfurnou dentro de casa esperando a morte. Três anos depois, tendo dois filhos dessa segunda união, exigiu que a velha vendesse a casa para que fosse repartido o valor. Os filhos protestaram, mostrando o quanto ele estava sendo injusto com a mulher de sua mocidade, que ele já tinha uma casa, deixasse todo mundo em paz.

O velho não dava sossego, e o Dia chegou. Na época dos mais velhos era comum ouvirmos: “Um dia da caça, outro dia do caçador.” O velho fez mais um filho na jovem esposa, e no sesto mês de gestação ela teve uma crise de pressão alta, foi hospitalizada, três meses depois recebeu alta e para surpresa de todos a menina, a gatinha, a bonequinha saia aleijada, havia envelhecido uns dez anos, e até agora foi a única a reconhecer que o que ela fez com dona Inácia era algo que nunca teria orgulho de falar, era uma página suja resultado de sua mente mesquinha e tirana. Sabia que um dia iria derramar muitas lágrimas, e assim como ela fez, iria sentir na pele a mesma dor.

E o velho não a deixou esperar muito, arranjou outra cocotinha, e anda pra cima e pra baixo apresentando seu novo ‘troféu’.

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 15/10/2009
Código do texto: T1867168
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.