PRA NÃO DIZER QUE NÃO FUI FELIZ

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FUI FELIZ

Felicidade!

Por onde andará essa senhora tão procurada e tão desejada por todos? Uns dizem que onde tem dinheiro, outros nos templos, nas festas, nos relacionamentos amorosos, etc. O certo é que poucos são aqueles que dizem: - Eu encontrei a Felicidade!

Mas, voltemos no tempo e na história da minha vida.

Na minha juventude eu morava num paraíso chamado Angra dos Reis, terra onde nasceram os meus pais e onde eu fui criado. Lugar pacato, pequeno, não nos dava muitas opções, então minha vida era assim: trabalhava a semana inteira, estudava à noite e, nos domingos, religiosamente ia à praia.

A Praia do Anil era a que eu mais freqüentava e, também, o pessoal de Volta Redonda e Barra Mansa que chegava de trem por volta das dez horas da manhã, trem esse, que chamávamos de “trem da farofa” (maldade). A gente bem que gostava, pois vinha muita menina bonita de lá.

Bem em frente à Praia do Anil, existe a Ilha dos Coqueiros, lugarzinho pitoresco onde eu costumava estar sempre, fazendo as minhas reflexões, nadando ao redor, apreciando as maravilhas da praia e até mesmo (acreditem) certa vez estudando matemática.

A ilha ficava há poucos metros da praia, atravessava-se andando, mas quando a maré enchia, quem não sabia nadar estava com um problema sério para resolver. Nós, sabendo disso, ficávamos atentos e, nos momentos necessários éramos solidários com os visitantes.

Certa vez eu estava com uma bóia grande (uma câmara de ar de caminhão) que me havia sido emprestada por um amigo. Quem já teve oportunidade usar uma bóia dessas, sabe o quanto é difícil subirmos nela quando os pés não estão tocando o fundo, dando firmeza para saltar. Um rapaz estava tentando voltar para a praia e a maré estava enchendo. A travessia já estava bem difícil e no fundo do mar sempre se formam algumas depressões perigosas. Foi numa dessas que o rapaz caiu. Foi ao fundo, bebeu água e, quando subiu, eu, que estava há uns cinco metros de distância, joguei a bóia. Naquele momento, ele deve ter visto estampado no céu o retrato da Dona Felicidade e, num único salto, estirou-se em cima da bóia. Disse-me alguma coisa? Agradeceu? Apenas olhou-me com um olhar que, apesar dos anos que se passaram, não consegui esquecer.

Que felicidade a minha! Estava no lugar certo, no momento exato.

Gilson Faustino Maia
Enviado por Gilson Faustino Maia em 22/10/2009
Código do texto: T1880280
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