Histórias de família  ( 1 )

Li a crônica da minha querida Meriam Lázaro no Recanto das Letras na qual ela fala sobre as saias justas vividas por ela em relação ao seu nome (lindo e incomum).Fiz um comentário sobre o texto e lhe disse que qualquer dia falaria da origem do meu nome.Vai aqui minha simples história.

Quando nasci, minha mãe quis que uma tia torta, muitíssimo querida de todos, fosse minha madrinha de batismo.Ao fazer o convite pessoalmente, recebeu uma negativa como resposta.Nada de rejeição a minha pessoinha recém-chegada ao mundo, nada disso.É que a amada tia já era madrinha de dois irmãos meus, daí a impossibilidade de ser novamente comadre da mamãe.De acordo com os princípios religiosos da tão aclamada madrinha, a Igreja não permitia um terceiro mandato de amadrinhamento.Não satisfeita com a justificativa, minha genitora, resolveu então homenagear a titia me presenteando com o seu nome.Mas a ideia também não foi de todo aceita.A tia Maria( era assim que muitos a conheciam), disse que os nomes começados com M não davam muita sorte, que era melhor que minha mãe procurasse um nome com augúrios mais promissores.O tempo passou e alguns meses depois do meu nascimento( coisas de cidadezinha de interior), meu pai me registrou com o nome de Amarília.O leitor deve estar se indagando: O que uma coisa tem a ver com a outra? Que história mais sem pé-nem-cabeça! É que tomei conhecimento de tudo isso depois de adulta, quando percebi que ninguém nunca acertava o meu nome.Quando percebi que nunca encontrara nenhuma Amarília na vida e que as confusões eram constantes.Até correspondência oficial me vinha com erros em relação ao meu prenome.De Marilda, Marilza, Amarilis, Amarilda, Marilha, Marina e Amarelia já perdi a conta de quantas vezes fui chamada.Então para entender por que uma simples letrinha acrescida a um nome comum fazia tanta confusão, busquei na minha mãe as explicações.O interessante, que nem minha família sabia de toda a verdade.Para a maioria , minha tia torta, era Maria.Para os familiares mais próximos, inclusive minha mãe, era Marilha.Para não herdar os infortúnios dos nomes iniciados por M ( de acordo com a crença da minha tia), minha querida mãe, acrescentou a letra A.Assim surgiu Amarília.Caso desvendado? Não!Somente muitos anos depois, quando minha querida tia veio a falecer, é que o mistério foi revelado.Durante o velório, vi na plaquinha que anuncia a hora do sepultamento e o nome completo do falecido aparece em destaque, que o meu nome era exatamente igual ao dela.Ela também se chamava Amarília!O interessante que ela mesmo deve ter se esquecido disso(risos).
Depois dessa constatação passei a acreditar que " o coração tem razões que a própria razão desconhece".Se minha mãe queria tanto que a minha madrinha fosse a tia Marilha e não foi possível e ,ao tentar dar-me o seu nome, isso também lhe foi recusado, acho que algo superior ao senso comum ocorreu aí.Independentemente da escolha das duas, mas seguindo um desejo maior, eu recebi o nome da minha tia, do jeitinho que minha mãe queria.
Hoje que eu não tenho mais a minha adorada mãe comigo, sei que ela sempre foi e continua sendo a Luz da minha vida.E tudo de bom que ela sempre quis para mim continuará acontecendo mesmo que tudo demonstre o contrário.
É isso, minha amiga Meriam.Prometi e cumpri.Espero que essa história seja do seu agrado.
amarilia
Enviado por amarilia em 23/10/2009
Reeditado em 08/12/2012
Código do texto: T1882603
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