I hate myself for loving you

Quando fecho os olhos, na tua cama é que eu penso. Nos teus modos doces de me pedir um retrato logo após o sexo, sem maquiagem, cabelo bagunçado, ah! o teu jeito manso de atender sempre aos meus pedidos de “apague a luz…” ou “calma lá, mais devagar”. Tens sido a maior tortura que já sofri nessa minha existência vazia. A única memória viva em minha mente. Será que podes imaginar o quanto isso é perturbador? O quanto tudo sempre remete a ti? Não sei mais o que me prende, não sei de onde arranjo forças, mas continuo fugindo, evitando, continuo sem telefonar, sem ir e vir puxando assunto contigo pela tela de lcd manchada do meu computador. Não me queres, o que me resta senão a dor do abandono e a sensação de que serei para ti sempre um fardo? Tenho medo de amar assim de novo. Tenho medo de ter entendido toda nossa história da maneira errada e estar te perdendo à toa. Mas, acima de tudo, eu tenho medo de carregar essa sensação por muito mais tempo. De te carregar aqui dentro durante um período ainda maior. De acabar sozinha por tanto impedir que outros me amem e me possuam e me queiram simplesmente porque estou ocupada tomando conta do teu fantasma, que insiste em não me deixar esquecer. Em não me deixar ser. Não vales nada – ainda assim insisto em creditar à tua reputação milhares de qualidades imaginárias. És um produto da minha idealização. A única culpada de tudo, portanto, sou eu. E quando fecho os olhos, é só na tua cama que eu penso. No teu colo macio, nos teus afagos sinceros. Porque fostes o único com quem dividi tanto tempo, amor e momentos assim – e suspeito às vezes que nunca tenhamos dividido nada.

Esperei demais de ti, de nós, esperei demais, esperei. Hoje, novos tempos, novas vontades, novos amores, mas ainda prevalecem as saudades. E te espero ainda com a mesma angústia do dia em que simulastes teu primeiro sumiço.

joan jett ♪ i hate myself for loving you

Nica
Enviado por Nica em 24/10/2009
Código do texto: T1884591
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