NOITE ARREPIANTE

Numa noite bem sombria, numa madrugada bem fria. A brisa levava as árvores de um lado para o outro. O sussurrar do vento uivava por todos os cantos. As corujas piavam como era de costume. Os morcegos voavam de um lado para o outro buscando frutas para comer ou quem sabe pescoços para morder.

De longe se via uma fogueira bem fraca, as cinzas a voar levadas ao vento.

Não se imaginava que bem próximo àquela fogueira dava-se uma pequena reunião. Reunião pequena por causa do tamanho de seus membros e não pelo seu número, já que eles na verdade eram milhares. Pequeninos feiticeiros. Seres quase imperceptíveis, mas extremamente poderosos maquinando um complô contra um grupo de humanos. Estes tramavam o mal que fariam a alguma das famílias daquele bosque.

Famílias inocentes. SERÁ? Será que os feiticeiros iriam praticar tamanha maldade de graça sem nenhum motivo aparente com alguma família?

Vamos descobrir agora.

Existia no meio do bosque uma família muito doce a princípio. Pessoas tão amáveis aparentemente. Porém estes escondiam um pequeno segredo. Um deles, o filho mais novo, em uma noite observava uma destas reuniões escondido entre os arbustos. E quando foi percebido por um dos feiticeiros e perseguido, pegou na tocha e ateou fogo no pequenino indefeso. Que sem dó nem piedade matou o feiticeiro e fugiu escondendo-se na floresta.

Na noite seguinte em uma seqüência de rituais de primavera deste grupo de pequeninos feiticeiros que ao fazerem o chamado ao grupo deram-se conta de que aquele que tomava conta dos insetos da floresta estava ausente.

Quando foram procurar só encontraram rastros e vestígios do mesmo.

Quem maldosamente teria destruído um inocente e inofensivo feiticeiro que era o responsável pelo equilíbrio da vida dos insetos daquela floresta?

Voltando a situação atual havia passado dez anos e o garoto de quinze anos, assassino do feiticeiro, agora com vinte e cinco anos, já casado e pai de dois filhos, vivia no centro do bosque. Ninguém se dava conta do ocorrido, mas os feiticeiros que viviam no rastro do garoto já sabiam de quem se tratava. Planejaram uma emboscada para pegar os filhos do assassino. Prepararam guloseimas e deixaram uma trilha da casa até o centro do bosque. As crianças que sempre brincavam por ali começaram a pegar os doces e a comer seguindo a armadilha. De repente, não mais que de repente caíram em um buraco.

Os feiticeiros pegaram as crianças e as transformaram em besouros para se vingarem do pai que destruíra o feiticeiro dos insetos.

O pai e a mãe procuraram desesperadamente por seus filhos.

Até que um dia receberam um recado entregue por um esquilo dizendo que encontrassem com os feiticeiros.

Eles foram ao encontro marcado.

Quando chegaram lá os feiticeiros informaram que deveria ser feita uma troca, os pais pelos filhos. Aparentemente os pais haviam aceitado as suas condições. Mas o pai sempre querendo dar uma de esperto, quis enganar os pequeninos, porque não queria na verdade ficar no lugar dos filhos.

Quando foi feita a troca ele foi armado com fogo, mas desta vez não conseguiu matar mais nenhum feiticeiro porque nem todos eles eram vulneráveis ao fogo e por isto eles conseguiram dete-lo.

A mãe e os filhos foram livres, mas o pai foi transformado em um besouro permanentemente e continua até hoje preso neste corpo insectóide vivendo no centro do bosque para sempre.

Amigo das letras
Enviado por Amigo das letras em 04/11/2009
Código do texto: T1904902
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