UNIBRASIL

Há alguns dias a televisão mostrou um episódio de uma aluna escorraçada, hostilizada em uma universidade, por causa do vestido que usava.

Quando penso que nada mais me surpreende neste Brasil, eis que sou novamente surpreendido.

Sei que o Brasil, apesar de se proclamar um país multiracial, multicultural, multisocial, é sim, disfarçadamente, preconceituoso.

Um país com preconceito social, racial, econômico, regional, religioso, sexual. Disfarçado em piadas, oportunidades, salários.

O que é mais estarrecedor é que esse fato lamentável ocorrido dentro de uma “universidade”, tenha sido cometido por universitários, já que hoje ingressar em uma faculdade não é questão de inteligência, competência, capacidade, oportunidade e sim uma questão meramente financeira, pois o principal requisito hoje para ingressar na maioria das faculdades é poder pagar suas caras mensalidades.

O que me assusta é que este pesadelo foi protagonizado por jovens. Jovens que em outras épocas estariam lutando contra a ditadura, jovens que foram caras-pintadas pedindo o afastamento de Fernando Collor.

Hoje, os alunos da UNIBAN, refletem a nossa juventude: alienada, covarde, como a maioria de nós brasileiros, que se calam diante da corrupção, da imoralidade politica, E que se agigantam, tornam-se “valentes” em bandos, em turbas, em um palco que mais parecia um presídio ou uma arena romana, onde pessoas eram jogadas aos leões para serem devoradas.

Jovens que se silenciam diante os desmandos dos governos, diante de roubos dos politicos, mas que sabem gritar, xingar, ameaçar, humilhar uma jovem cujo o único erro foi ir a um espaço, dito democrático, com um vestido vermelho e curto.

Não me interessa se essa moça vai agora aparecer em programas de televisão sensacionalistas, se irá pousar nua.

Não estou e nem posso julgar o caráter de uma pessoa, mas posso me indignar com o caráter de uma coletividade de “jovens universitários”, que quando sozinhos são covardes, omissos, mas quando juntos, só aguardam a oportunidade para serem cruéis, violentos preconceituosos.

Se o Brasil é o eterno país do futuro, que nunca chega, que esse futuro não seja feito por esses alunos da UNIBAN, que não aprenderam em casa e tão pouco nos bancos da faculdade, o que é respeito, compreensão, tolerância.

“Os mais covardes são aqueles que só tem coragem diante dos pequenos.”