Questão Social.

Um dia me perguntaram o que eu achava sobre a política, a sociedade, as pessoas e todos aqueles problemas, respondi que não gostava de tais assuntos, pois debatê-los só traria mais questões sociais.

Depois, enquanto assisti a TV, vi de tudo que seres humanos são capazes de fazer e pude afirmar mais ainda essa rejeição de cunho social, me pus a questionar-me o que existiria entre desonrar sua pátria e vender seu território, o que existiria entre uma criança com uma arma na mão e um poderoso representante do povo sem arma alguma. O que pode caber tirar a pele de um cão ainda vivo e deflorar uma criança ainda inocente?

Entre tantos outros questionamentos pude ver o quanto cabeças pensantes podem se autodestruir, pausadamente, e destruir tudo aquilo que compartilha, definitivamente. De tudo que pude pensar, ficou apenas o resquício de um pensamento que, ainda criança, alimentamos sobre humanismo, patriotismo, cidadania, aquele puro desejo que deixa lágrimas aos olhos quando sonhamos com um mundo que talvez, algum dia existiu.

Olhando pela janela não pude ver mais que muros ou prédios que não terminavam ao horizonte, mas vi, não pela minha janela, tudo que acontece não tão distante, tudo que fazemos questão de afastar quando estão tão próximas, como um corpo caído na esquina, ou um transporte de drogas na rua, escolas abandonadas no bairro, assaltos na cidade, guerra no país, fome e pobreza no mundo. Quantas frases de efeito serão preciso pra tocar a consciência? Quantos olhares tristes terão de aparecer em tablóides de grande circulação para fazer-se acordar? Quanto precisamos perder para dar valor ao que não teremos mais?

Não é preciso mover o mundo quando se tem, ao menos, iniciativa. Não é preciso declamar suas mazelas aos quatro cantos quando se pode fazer o mínimo, ou o máximo, a outrem e que isso se torne recíproco. Então, não será preciso culpar hierarquicamente alguém mais poderoso quando temos a autonomia para fazer não o fácil, mas o certo! Assim, pessoas com tanto o tanto o que se desesperar por ver seus filhos morrendo, por ver seu MUNDO morrendo, derramam lágrimas e lutam para que o único bem suficientemente durável, a VIDA, possa fazer existir todos os outros bens.

E eu volto a me questionar onde estaria a cidadania quando roubam nosso lar, corrompem nossos filhos? O patriotismo quando se esquece que a riqueza da nação contraria a riqueza dos seus próprios bolsos? Onde estará o humanismo quando se trata a vida com tanto descaso e o próximo com tanto desprezo? Realmente, não gosto de questões sociais, mas as vivo, a diferença é quando deixaremos de questioná-las e passamos a resolvê-las.

Gabriel Moreno
Enviado por Gabriel Moreno em 05/11/2009
Código do texto: T1906743
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