PERDENDO A SENSATEZ
            

               Você nunca sentiu vontade de quebrar regras, mandar às favas os manuais de boas maneiras, transgredir os dez mandamentos, sem a mínina culpa, e não está nem ai para o politicamente correto? Não? Que bom ou que pena!
            
               Será que vale a pena viver sem aproveitar os “prazeres proibidos” da vida? Sem quebrar a rotina, prima irmã da monotonia? De que adianta sermos livres se não temos coragem de experimentar novos caminhos? Aventurar-se rumo ao desconhecido? 
          
               De vez em quando, mais em quando que de vez, é bom fazer tudo diferente do habitual; misturar flores com xadrez, usar jeans, camiseta e tênis no “passeio completo”, ir de cara lavada para festa a fantasia, vestir vermelho no velório, trocar a salada pela carne gorda, o cereal por duas bolas de sorvetes com muita calda, trocar o suco natural por refrigerante, andar sem filtro solar e recusar, veementemente, a vida pela metade.

               Há quem acredite que estamos aqui a passeio, vou fingir que acredito nisso e aproveitar para me divertir. Posso até me dar ao luxo de parecer ridícula, louca, inadequada, incoerente e não entrar em crise quando descobrir o que andam dizendo a meu respeito. Depois vou pensar em como consertar os ‘estragos’, mas bem depois. 

               Por enquanto vou deixar lá fora as preocupações com o planeta e o bom senso e tomar um banho demorado, dormir em cama redonda com lençóis de cetim vermelho, gastar todo orçamento só para ter o Chico sentado a beira da banheira em show particular (será que ele aceita?), tomar champanhe com churrasco e aproveitar a atrevida que olha desconfiada estes momentos de deliciosa insensatez. 

               Depois vou parar de fugir dos olhares indiscretos que parecem despir minha alma, deixar de mudar de calçada para fugir daquele bonitão que me observa passar cheio de fome. Vou dar uma olhadinha no celular do companheiro, vai que pela cabeça dele está passando estes mesmos pensamentos...

               E que ninguém se atreva a dar palpites, esta receita é minha, só minha. Tudo bem, não fui eu quem criou, mas ser original tá difícil...   Se quiser experimentar traga uma concha, mas não meta a colher...
 
 


Este texto faz parte do Exercício Criativo - Não Ponha a Colher. Saiba mais, conheça os outros textos:
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Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 06/11/2009
Reeditado em 06/11/2009
Código do texto: T1908098
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