NÃO TENHO SAUDADE

NÃO TENHO SAUDADE

Só saudades do passado da minha mocidade, entre os anos 1935/1944: Do respeito que os jovens tinham pelos mais velhos; Do respeito que se tinha pela religião (católica, a só conhecida pelo meu nível de vida e que até se beijava as mãos dos religiosos); Da tranqüilidade e paz que gozávamos em sair às ruas; Eu, até os 10 anos, vendia leite pelas ruas (Areias, Espinheiro, Beberibe) e meus pais não tinham nenhuma preocupação; Aos 11 anos, com o falecimento do meu pai, meu irmão e eu, fomos considerados arrimos de família porque assumimos a responsabilidade de cuidar das quatro vaquinhas e vender o leite para sustentar mamãe e mais duas irmãs, cuja família era recém-vinda como refugiada da seca no agreste, matutos, na expressão da palavra; Saudade dos namoros nos parques e praças da cidade e apreciar as vitrines da rua Nova e Imperatriz; Saudade de chupar mangas, cajus, comer jaca, bananas, mamão, etc. livres de inseticidas; Lembro-me que maçã e uva (importadas) eram frutas inacessíveis aos pobres, porém hoje que posso desfrutar do prazer, pouco as aprecio; Só freqüentei escola pouco mais de dois anos, mas lembro-me do profundo respeito que tínhamos pelas professoras (não as chamávamos de tias); Qualquer traquinagem, éramos colocados de castigo e até cheguei a levar uma lapada de régua em cada braço por ter furtado manga; Do respeito que tínhamos pela namorada, sempre vigiada por uma “vela”, porém os rapazes eram incapazes de “avançar sinal” como beijos; manter contato com a família da namorada só se houvesse “boas intenções”; o sentimento de honra era altamente arraigado, até o bigode era valorizado; médico era de família e clinica geral, verdadeiros e dedicados amigos; Padrinhos era altamente respeitados e a nível de pais. Ladrões, os conhecidos eram de “galinhas”, pelo menos no meu meio; Violência nas ruas jamais se ouvia falar, salvo das agitações dos estudantes de direito, na época, grandes lutadores contra a ditadura e faziam até “quebra-quebra”.

Bom, são algumas das saudades que tenho do meu passado. Porem, na época o Brasil era um país agrícola e sua revolução industrial estava ainda longe; Trem e bonde eram os principais meios de transportes. Automóvel (só por este nome era qualificado) era veículo para a classe rica (não havia classificação de A, B, etc. se era rico ou pobre). O presidente Getulio Vargas era o Deus, mas na época já começava as Intentonas Comunistas e Nazistas (Anaué), contudo, severamente combatidos e ninguem falava de política, aliás, devo ressaltar, os políticos eram homem alvo de profundo respeito. Lembro-me de um evento quando eu estava no Grupo Escolar de Beberibe: Um Ministro da Educação, cujo nome era Ajambuja Vilanova, assumiu a pasta. Fomos obrigados a decorar o nome dele. Um aluno ao se referir a ele como “lambuza”, foi severamente repreendido pela professora. Ah! Esqueci de lembrar que os Hinos da Pátria eram obrigatoriamente cantados diariamente, de frente para a bandeira. Há um detalhe muito interessante para conhecimento dos jovens: A língua estrangeira que se estudava (nível superior) era a francesa. Os ricos mandavam seus filhos estudar na França e em Portugal.

A reviravolta dessas coisas simples é que me incomoda, mas o Brasil conquistou sua liberdade, entrou na era da industrialização, alcançou o nível de grande nação com o uso de tecnologias; hoje, seu povo pode desfrutar dos avanços dos países do chamado primeiro mundo em questão de dias. Contudo, importou dele, cito diretamente os Estados Unidos, o antes cinema, maravilhosa diversão, porém depois passando para ser altamente prejudicial e formador de opiniões, despertando a violência, a maldade, a desonestidade e a família que se sentava na mesa na hora certa, que sentava nas calçadas para palestrar, todas essas maravilhas desapareceram. Realmente: a humanidade entre os séculos XIX e XX alcançou um nível de conquistas materiais admirável. Todavia, quanto ao nível moral, descreveu muito e está atingindo um nível inaceitável. No Brasil, que se diz a pátria de Deus, Ele está tão decepcionado que está permitindo que os cataclismos naturais atinjam seu sagrado território. Meu povo, tenha respeito a nós mesmo e sobretudo ao Criador! Nosso pais poderia ser, sem tais males, o Paraíso, o celeiro do mundo. A pátria da alegria, do amor, da paz!

POR AMOR Á DEUS, NOS AMEMOS!

IDOSO DE 84a c/bisneta de 1a

Iran Di Valencia
Enviado por Iran Di Valencia em 08/11/2009
Código do texto: T1911440