CHUVA

Hoje recebi um email que fez relembrar a minha infância, de quando esperávamos a chuva cair, para sair de casa e fazermos, como dizemos no Ceará: “tomar banho de chuva”.

Enquanto a chuva durava, estávamos na rua, jogando bola, correndo, ou simplesmente, apenas na chuva. Sem medo de ficarmos gripados, de ficarmos sujos. Queríamos apenas ser felizes.

Aliás, quando éramos crianças não tínhamos medo de bancar o bobo, de ser ridículo. Queríamos apenas ser felizes.

Queríamos mais era comer à vontade, beber cola-cola, pastel gorduroso. Queríamos apenas ser felizes.

Queríamos mais é nos molhar na chuva, nos sujar na terra, correr, andar, brincar de estátua. Queríamos apenas ser felizes.

Queríamos mais era rir alto, falar sem parar, falar sem pensar. Queríamos apenas ser felizes.

Queríamos mais era andar descalço, subir no mais alto galho sem medo de cair. Queríamos apenas ser felizes.

Hoje, vemos a chuva apenas pela janela ou muitas vezes, nem a percebemos, presos em escritórios, salas, nas nossas preocupações. Esquecemos de ser felizes.

Hoje, temos medo de sermos bobos, de sermos ridículos. Esquecemos de ser felizes.

Hoje comemos pouco ou o que não queremos, não tomamos coca-cola. Esquecemos de ser felizes.

Hoje não falamos alto, medimos a palavra, omitimos o que sentimos. Esquecemos de ser felizes.

Hoje fugimos da chuva, não pisamos em poça d´água, temos medo de altura. Esquecemos de ser felizes.

Que a próxima chuva lave nossos medos, vergonhas, preocupações, receios, para que possamos lembrar-nos de sermos novamente felizes, simplesmente, felizes.