AS ROTATÓRIAS DE CAMPO GRANDE

No mês passado conheci um educador que veio de uma outra cidade para ministrar sobre educação aos professores daqui de Campo Grande.

Após a desafiante palestra que ouvimos do nobre professor veio uma pausa para o café. E entre risos e conversas, nos dirigimos ao saguão para o oportuno momento. Foi aí que o ilustre professor disse: “- Ontem, ao telefonar para um amigo e contar-lhe que estaria vindo a Campo Grande, este me disse: “Rapaz, tome muito cuidado com as rotatórias dessa cidade! Essa capital é conhecida como uma das que tem o trânsito mais violento do País. Dizem que lá ninguém respeita as rotatórias. “

Com a xícara de café nas mãos, eu e a minhas colegas de curso aproveitamos para engolir em seco mais um gole; entreolhamo-nos, ninguém disse nada e a conversa tomou outro rumo. O seminário terminou e o professor foi embora.

Depois desse dia comecei a prestar atenção às rotatórias de Campo Grande. E não é que constatei que temos problemas com as rotatórias? Em quinze dias presenciei meia dúzia de acidentes envolvendo carros, motociclistas e ciclistas nas rotatórias que circulo todos os dias. Constatei que, de fato, estamos muito aquém do que deveríamos ser no que se refere a uma educação voltada para o trânsito.

Hoje cedo parei em uma rotatória da Rachid Neder e aguardava que um ciclista completasse a meia volta quando um cidadão “muito apressado” buzinou atrás de mim. Penso que ele queria eu aterrorizasse o ciclista. Não saí do lugar. Foi aí que ele, com os vidros pretos totalmente fechados, deu uma arrancada e seguiu pela minha direita, acelerando o máximo que podia. O ciclista, pobre criatura, também usuário do trânsito, se meteu entre o meio fio e o gramado, diminuiu as pedaladas o quanto podia e refugiou-se na grama para não ser colhido pelo mal educado motorista.

Engatei uma primeira e segui o meu caminho pensando nessas questões de educação para o trânsito e no nível de civilidade das pessoas que moram e transitam em uma capital. Como dizia meu saudoso pai “uma barbaridade! Um fiasco!”

Nós fazemos o trânsito, logo, somos o trânsito; porém, muitos cidadãos entendem que apenas eles fazem parte desse percurso e que todo o caminho pertence apenas a eles. E xingam, dão sinal com as luzes porque querem ultrapassar na faixa contínua; buzinam se o motorista da frente para no sinal amarelo e assim desrespeitam-se, a si próprios, e aos demais.

O rótulo de cidade violenta no trânsito não combina conosco que defendemos as belezas naturais e lutamos pela preservação dos animais e das plantas.

Se quisermos ser reconhecidos pelas belezas naturais do nosso Estado primeiro temos que nos educar para o trânsito, para que não assustemos as nossas visitas, quando aqui chegarem.

Vicentina Vasques
Enviado por Vicentina Vasques em 13/11/2009
Código do texto: T1922236
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