O MURO DE BERLIM

Estou achando muito interessante a comemoração merecida da queda do muro de Berlim.

Esta feliz comemoração faz eu me lembrar do meu período de faculdade, lá com os meus vinte anos e lembro como eu era voz dissonante perante os veteranos da faculdade.

O legal da faculdade daquela época, não sei se hoje ainda é assim, é que as aulas eram com alunos misturados dos diversos cursos e períodos. Tinha aluno do primeiro período de Filosofia, como eu, e veteranos já quase se formando dos cursos de Engenharia, Biologia, arquitetura e tantos outros.

Aquilo era uma miscelânea, lá naqueles idos anos setenta e cinco.

Eu fiz Filosofia por dois motivos: Um que eu já tinha perdido o bonde para fazer cursinhos e já não tinha tanto saco para estudos acadêmicos e outro por sempre ter sido estudioso, desde que me conhecia por gente, pelas mais diversas filosofias e religiões, mas nunca fui de ficar vinculado a nenhuma.

Eu lia ou dava uma freqüentada e não tendo me preenchido eu já largava mão. Fui feliz neste sentido, pois tinha uma intuição forte e não precisava ficar lendo muito de uma doutrina para saber que ela não me servia.

E lá naquele curso eu tive algumas aulas, ou mesmo o convívio acadêmico, que me foram muito úteis, como a aula de Ética por exemplo e como eu já vim para a faculdade com uma carga boa de conhecimentos existenciais eu criava muita polemica com tudo que lá era ensinado.

Eu tinha uma verve forte e sempre gostei de ser combativo no campo das idéias e principalmente de discordar e me lembro de como eu me pegava com aqueles veteranos com tendências marxistas falando da nossa ditadura e idolatrando Fidel, como se o que ele criou na sua ilha, não fosse também uma ditadura.

De esquerda podia, mas de direita não. Eu ficava maluco com a ignorância de visão existente naquele meio.

Eu naquela época era mais pelo anarquismo e como todo bom anárquico, que era, gostava era de me pegar com aqueles doutrinários.

Eu sabia que ganhar dinheiro com aquele curso eu não ia ganhar e também vi que, ‘filosofia’ mesmo, lá era muito pouca.

Tirando o nome era um curso como qualquer outro só que com o agravante de não servir para nada na época, economicamente. Hoje já tem mais espaço.

Eu fui lá para discutir filosofia e não ficar escutando, vindo de cima para baixo, textos decorados de filósofos que trouxeram muitas perguntas para a humanidade e eu queria era respostas.

Mas nesta comemoração dos vinte anos não deixo de escapar um sorriso e ver que quem comemora a derrubada do muro é a mesma faixa etária e escolar que naquela época queria trazer para o nosso país a mesma ‘cortina de ferro’ que bloquearia toda a nossa visão do mundo, mataria todos os ‘Chicos Buarques' que as desejavam para nós e  todos os professores que tinham algo para dizer e toda qualquer pessoa que fosse contra aquilo que aqui eles iriam implantar , assim como faziam lá.

Eu, com certeza, seria um candidatíssimo ao ‘Paredon’ sem muita demora e não estaria hoje aqui escrevendo estas 'mal fadadas linhas'. 

Então, eu acho, que inconscientemente, por uma questão de sobrevivência, eu ia com tudo contra aquelas colocações esquerdistas marxistas tão presente na universidade.
Eu detonava. Parece que eu vivia para isto. Era o chato ‘da hora’.

Se havia posição formada: ‘soy contra’

Eu acho também interessante que a nossa chamada classe pensante, depois do fim da nossa ditadura...como iam visitar o ‘Comandante’... como se ele fosse um paladino da liberdade e que continua lá firme matando  ou prendendo qualquer detrator.

Coitado do povo cubano. Se bem que sou de opinião que cada povo tem o governante que merece.

Como disse recentemente um blogueira lá de Cuba em entrevista à uma revista: 'O que adianta termos educação acima da média se não podemos ler os livros que gostaríamos.'

'E o boicote americano só serviu de desculpa para ‘este homem’ estar aí até hoje.'
O que eu concordo plenamente. Se não houvesse a desculpa do embargo ele já teria caído há muito tempo. E se ‘Che’ tivesse ficado lá com certeza teria sido morto com muito mais antecedência, como os amigos de Stalim e Lenin, ou então ele teria matado o 'Comandante'.

Conviver juntos, dividir o poder, ah isto eles não iam conseguir fazer.

Isto ninguém falava naquela época. As pessoas só queriam ouvir ou saber aquilo que queriam.

Mas eu questionava pelo prazer de questionar. Se havia algum ponto de vista unânime eu era do contra e arranjava argumentos que criavam contrapontos.
Os grandes embates devem ser feitos no campo da idéias, mas se você tem simpatia por uma ideologia ou religião trate de se aprofundar na filosofia dela e não seguir uma só por modismo ou porque alguém falou que é legal.

Eu acho que quem pegou em armas naquela época não pegou pelo direito de termos novamente uma democracia e sim para implantar a ditadura 'que eles' consideravam melhor, que era a ditada pela ‘Cortina de ferro’ da URRS.

Então podemos dizer que pegaram em armas pela busca do poder, que foi frustrado com a implantação da nossa ditadura, pois eles estavam a caminho, é não?

Quem sujou as suas mãos com sangue do povo inocente não deve hoje governar o nosso país e não vai ser possível que uma ‘dondoquinha’ da aristocracia daquela época, que participou de atos terroristas como se isto fosse uma aventura, possa vir a ser presidente do nosso país.

Eu não acredito que nem com o apoio irrestrito do Lula esta Senhora Dilma chegará ao poder. Eu duvido.

Ainda não pintou o candidato que vai aglutinar o poder de voto do presidente.

As opções têm sido muito ruins. Vai ter que pintar um novo coringa assim como também na oposição que está caindo de tão arcaica.

Se o presidente quisesse emplacar o seu sucessor de forma tranquila teria sido bom ter pensando no presidente do Banco Central e que já está namorando outros partidos.

Estamos sem lideranças com cacife, até o momento.
 
 
"A joia brilha na mão calosa, suja de suor e de terra, de modo muito mais puro, mais intenso, do que nos dedos bem tratados de um ocioso, que passa seu tempo terreno apenas em contemplações."
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