111 - QUE DEMOCRACIA É ESTA?

111- QUE DEMOCRACIA É ESTA?

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

(Ruy Barbosa)

Às vezes envergonho-me deste meu país...

É um sentimento muito forte, dizem os meus amigos. Sempre que entramos em uma discussão sobre política, fica a impressão que não valeu a pena tanta luta. Foram vidas perdidas as dos nossos heróis, que lutaram por uma independência dos grilhões políticos e econômicos que nos mantinham escravizados aos colonizadores portugueses.

Este sentimento atávico de eternos perseguidos e escravizados demonstra bem que o político brasileiro, quando está fora do poder tem um discurso encantador como o canto da sereia que quer atrair os homens para seu reino (o mar de suas ambições). Uma vez tendo conseguido seus objetivos dão uma guinada e nos transformam em prisioneiros das suas mudanças que, nem sempre representam algum item do seu programa de governo.

No Brasil atualmente tem-se um discurso totalmente diferenciado da prática. A chamada democracia, cantada em prosa e verso pelos nossos governantes, “morre na praia” na hora de executar as vontades dos detentores do poder, no caso do executivo. Há o agravante de que até fatos que atentam contra a própria democracia são iniciados ou patrocinados pelo próprio governo, como a lei da mordaça para o poder judiciário, bem como, a lei de imprensa que volta e meia quer calar algum poder seja o legislativo ou o judiciário.

No recente episódio do aumento do salário mínimo, o governo insiste em não reconhecer o direito: situações iguais, direitos iguais. Se somos todos aposentados e contribuímos a vida inteira para a previdência, por que o governo quer agora criar este diferencial dentro da categoria, dizendo que vai recompor as perdas tão somente daqueles que ganham até o valor de um salário mínimo estabelecendo ganho real somente a uma parcela? Isonomia, mais que nosso pleito é nosso direito.

A velha cantilena de que a Previdência é deficitária já não acha terreno fértil nem entre os correligionários do próprio governo que observam farta distribuição de dinheiro para as diversas categorias e classes (bancos, empresas, governos estaduais, governos do MERCOSUL e até para aqueles que ainda não fazem parte do acordo tarifário há dinheiro para investimento, inclusive para o FMI.

Para este governo democracia só é boa quando atende aos seus propósitos. Caso contrário, vai a tropa de choque defender o indefensável. Felizmente ainda temos um bom número de políticos que não se deixam conquistar pelo canto da sereia e estão dispostos a defender os velhinhos não permitindo que o governo Lula, em que pese toda falta de princípios, cometer mais uma injustiça.

Do nosso lado, queremos manter a mobilização através das nossas associações com as diversas caravanas fazendo presença nas galerias e na Esplanada, mostrando ao governo e ao país que somos uma força considerável capaz de mudar os rumos desta nação. Afinal que país é este e que democracia é esta que não respeita os seus idosos? Não respeita aqueles que construíram a força de trabalho e a riqueza deste país.

Claudionor Pinheiro

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 20/11/2009
Código do texto: T1935184