O preço da sinceridade
Juca, o filho caçula do coronel Antonio, tinha fraco desempenho nas lidas do engenho.
Como incentivo o pai deu-lhe porcos para cuidar e lhe disse: - "O que você apurar com as vendas, é a sua renda".
O rapaz de bom coração vivia sem tostão; por dó da criação, não vendia, nem dava um leitãozinho sequer.
Tratava o melhor que podia e a bicharada foi se reproduzindo.
Tudo ia bem até que um porco mais afoito se enroscou na cerca de arame farpado, perfurou o pescoço e após muito alvoroço precisou ser sacrificado.
Com lágrimas nos olhos, Juca retalhou o bicho e saiu de madrugada pra negociá-lo na feira.
Passou a manhã e a tarde inteira gritando sem que ninguém chegasse nem perto do matuto.
No final da tarde, Juca voltou pra casa desolado carregando o fardo que a ninguém interessou.
O coronel ao ver o filho tristonho quis saber notícias. – "Ora, uma carne tão fresca a ninguém apeteceu"?
_ Eu fiquei lá gritando, mas ninguém chegou nem perto.
_ "Meu filho, e o que foi que você gritou"?
_ Gritei bem assim, ó pai: "Matei pra não perder, matei pra não perder, quem vai querer?