O preço da sinceridade

Juca, o filho caçula do coronel Antonio, tinha fraco desempenho nas lidas do engenho.

Como incentivo o pai deu-lhe porcos para cuidar e lhe disse: - "O que você apurar com as vendas, é a sua renda".

O rapaz de bom coração vivia sem tostão; por dó da criação, não vendia, nem dava um leitãozinho sequer.

Tratava o melhor que podia e a bicharada foi se reproduzindo.

Tudo ia bem até que um porco mais afoito se enroscou na cerca de arame farpado, perfurou o pescoço e após muito alvoroço precisou ser sacrificado.

Com lágrimas nos olhos, Juca retalhou o bicho e saiu de madrugada pra negociá-lo na feira.

Passou a manhã e a tarde inteira gritando sem que ninguém chegasse nem perto do matuto.

No final da tarde, Juca voltou pra casa desolado carregando o fardo que a ninguém interessou.

O coronel ao ver o filho tristonho quis saber notícias. – "Ora, uma carne tão fresca a ninguém apeteceu"?

_ Eu fiquei lá gritando, mas ninguém chegou nem perto.

_ "Meu filho, e o que foi que você gritou"?

_ Gritei bem assim, ó pai: "Matei pra não perder, matei pra não perder, quem vai querer?

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 01/12/2009
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