Robin Williams, a piada incorreta sobre as Olimpíadas no Brasil e, os faniquitos da imprensa brasileira...

Robin Williams, a piada incorreta sobre as Olimpíadas no Brasil e, os faniquitos da imprensa brasileira...

O ator Robin Williams foi ao programa David Letterman e, já entrou detonando, contando uma piada sobre o motivo da derrota da escolha da cidade de Chicago, apadrinhada por nada menos que Mme. Michele Obama (que, segundo os especialistas, é uma das mulheres mais bonitas e, elegantes do mundo), com participação de Mr. Barak "Twiter" Obama.

Disse ele que a disputa foi desigual, pois o Brasil levou 50 quilos de "pó (cocaína)" e, 50 stripers (é assim que se escreve?) femininas. E a piada foi contada naquele jeito istriônico de Willians, conhecido desde o "Saturday Nigth Alive" - onde começou como humorista.

A turma do jornal Bom Dia Brasil (rede Globo), fez cara de censura e, beicinho, já tentando desclassificá-lo de forma indireta, fazendo alusão ao vício do alcoolismo, que ele enfrenta.

E muita gente nos jornais e na Internet está dizendo que a piada é boba e, ofensiva. De fato, o cara a contou apenas para dar uma agitada na platéia do programa. Mas, acho que foi contada com muita competência.

Qual é o problema, negada? Foi uma piada, entenderam? À parte a referência ao Brasil, a piada objetivava ao fracasso da empreitada da Sra. Obama, sacaram? No mundo do humor, os caras tem essas licenças, tão sabendo? O humor é assim mesmo - uma impiedosa exploração dos defeitos ou falhas de outrem e, a inversão do sentido ou valor esperado de determinada situação, pessoa, ou coisa, entendem? Todas as piadas, são, por natureza, politicamente incorretas, valeu? O humor é uma espécie de licença consentida visando a distensão de relações e, relacionamentos, onde todos podem subverter a ordem estabelecida e os regulamentos, falando de outrem aquilo que não pode falar direta ou oficialmente, ok galera?

Quando o humorista fala de determinados aspectos de um indivíduo, de um país ou, de um povo, acaba por traze-lo para um nível de aproximação ou nivelação, onde as barreiras são superadas e, onde é possível estabelecer uma ponte de comunicação. No plano individual, é a mesma coisa.

Exemplos: quando um chargista brasileiro desenhava o então presidente dos EUA George Bush com orelhas de abano, olhos fugidíos e, vestido de cowboy, dando-lhe um aspecto de bronco, estava trazendo o ocupante do cargo público mais poderoso do planeta para um plano onde pudesse criticá-lo, nem que fosse à custa de defeitos es que ele talvez não tivesse (afinal de contas, o sujeito chegar a tal cargo, num país onde o ambiente político é tão competitivo pressupõe alguma competência - e talento).

O que os cubanos faziam o mesmo, com a piada em que, um apelido atribuido a Fidel Castro, era uma chave que abria a oportunidade para pronunciar uma frase que lhe davam determinada qualificação - "Esteban" e, "...Este bandido!", respectivamente, estavam fazendo o mesmo - colocando o tirano que chefiava uma das ditaduras mais assassinas e sanguinárias do planeta num plano onde podiam alcançá-lo e dizer, nem que fosse à boca miuda, o que ia pelas suas cabeças.

Quando o Hubert do Casseta e Planeta imita o nosso atual presidente da república (o mais popular, de que tenho conhecimento), destaca o seu calcanhar de aquiles - isto é, sua lassidão moral e, a filosofia futebolística. Mas, lembro, ele também imitava o presidente anterior e, naquele, destacava sua egolatria, do que decorria ter sempre a última e impaciente palavra, sobre todos os assuntos de natureza pública.

...piada sobre o Brasil não vale, mas quanto aos argetinos, tudo bem, certo? Piada com determinados grupos sociais não pode, mas piadas com brancas burras, são aceitáveis, não é? E piadas com portadores de deficiência ou referência às deficiências não são "recomendadas", por assim dizer. Será?

O humorista Geraldo Magela tem boa parte de seu estoque de piadas baseadas na condição do cego. A minha gerente é paraplégica e, ri, se qualificando a si mesma de "chumbada", sem dó nem piedade. Da mesma forma, chama aos colegas em igual condição.

Muitos dos atores e humoristas do Brasil e, do mundo fizeram sucesso explorando características individuais que os situam foram do padrão - aí incluída, a estatura pequena ou exagerada, a beleza patética ou, a feiúra, origem cultural, magreza ou excesso de peso e, por aí, vai. E a despeito dos tempos politicamente corretos que correm, ninguém ousa contestar o talento desses clássicos.

O caso é que, se o Brasil não fosse rota de turismo sexual (acesso fácil e barato às mulheres e tudo o mais) e, inegável rota e mercado de consumo ligado ao tráfico de drogas ilícitas, o ator poderia ter pego um outro aspecto de nossa dantesca realidade, pra fazer a comparação - e, para isso serviriam até piadas sobre gibóias andando sobre o famoso calçadão de copacabana (sim, segundo me contaram parentes e amigos que moraram lá, a imagem que os americanos tem do Brasil se resume a Rio de Janeiro, samba e, floresta amazônica, algo bem próximo daquilo que apareceu no famoso capítulo "Reclame com Lisa", do desenho animado "Os Simpsons", contra o qual se levantou a chancelaria brasileira, à epoca de sua exibição)...

É preciso lembrar que nos EUA, os humoristas (sejam de que origem forem) fazem muitas piadas sobre os povos e, costumes estrangeiros, mas gostam mesmo é de fazer piadas sobre o modo de vida americano e, o americano dito comum. De vez em quando variam - fazem piadas sobre árabes, russos, chineses, europeus, orientais, latinos e, eventualmente, sobre o Brasil.

Mas, notem que não eles sabem fazer piadas sobre o que consideramos o brasileiro comum, por isso fazem piadas sobre nosso país em termos de generalidades, e o que recebem de notícia sobre o nosso dia a dia, pela televisão - turismo sexual e, a batalha contra o crime organizado em torno do tráfico de drogas, incluidos.

O fato é que as patrulhas de toda natureza estão aumentando o cerco, e disso não escapam nem os humoristas. Multiculturalistas, ecologistas, religiosos, todos querem controlar, doutrinar e, aparelhar os setores da imprensa, da cultura e, entretenimento. E a imprensa também gosta dessa agenda e age como patrulha, também - é aí, nem os humoristas escapam, como se vê.

E, claro, as intenções declaradas são as melhores possíveis - supostamente o respeito à dignidade de pessoas, grupos, nacionalidades...

Hipoteticamente, essa gente concorda que exista humor, desde que submetido a determinado controle, desde que obedeça certas regras. Nada contra o humor, desde que seja domesticado, nem contra os humoristas desde que façam preito a determinados grupos e, valores.

Na verdade, por trás desta ditosa vontade, está a intolerância com aquele que faz rir ou ri, pois ela parte do suposto (correto) de que, o humor é a forma mais direta de denúncia e, crítica. Essa gente, enfim, finge aceitar a sociedade democrática, mas não aceita que sejam objeto de riso - porque o riso pressupõe o exame, a reflexão e, o escancaramento da verdade, nua e crua*.

De certa forma, nas sociedades de hoje, a militância política e cultural através de grupos de pressão organizados conseguem fazer aquilo que, em outras situações, só se conseguia através do uso da força, em governos ditatoriais (algo igual ao que vigora em Cuba, por exemplo), isto é, o perfilamento dos indíviduos com a censura, sob os mais diversos disfarces e subterfúgios...

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Piada de judeu, contada por um deles: dois velhos judeus estão lendo os jornais. Um deles diz ao outro: "Ah, eu prefiro os jornais do exterior. Veja bem. Nos jornais de Israel, só se fala de disputa política, de corrupção no governo, de problemas no orçamento, da ameaça nas fronteiras. Nos jornais do exterior, dizem somos uns escroques, que dominam sorrateiramente o mundo dos negócios e, das finanças e, estamos por trás de tudo o que se faz na indústria do cinema, da hotelaria, etc!"

Uma piada muito popular na França, sobre brasileiros: dois franceses estão batendo papo na porta da boulangerie, quando um diz que no Brasil só tem puta e jogador de futebol.

O outro responde: “Mas eu sou casado com uma brasileira”.

E o primeiro rebate: “Puxa, em que time ela joga?”

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* Humberto Eco já denunciava essa situação lá pelos anos 80 em "O nome da Rosa", onde a trama gira justamente em torno da batalha nas sombras pela posse (e destruição) de um suposto livro de um filósofo da antiguidade, que falava sobre o poder corrivo do riso.

Este livro virou filme, com participação do ator Sean Coneny. A adaptação ficou muito boa e, é uma diversão interessante.

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Em 31.12 - Não sei bem porque, mas este é o meu texto mais visitado aqui (bateu de longe o texto sobre o Coringa, de Heat Ledger e, a crítica sobre o filme "Serafhim Falls").

Grato a todos pela visita. E comentem à vontade!

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Em 01.12 - Carvalho! Noves fora, a reação da imprensa e, dos cariocas, acabo de verificar que o Comitê Olímpico Brasileiro - COB, pretende processar o ator - isso é que é recibo!

Zum, zum, zum - tá faltando um!, no meio dessa bobagem toda: o chefe do Itamarati, Celso Amorim. Mas, não demora, e ele entra triunfando - se é que me entendem...