RESGATE
Ali estava. Lá permanecia. E, infinitamente ficaria naquele lugar, não me importunassem as pessoas. Com meu pijama velho, cabelo desfeito, esmalte roído e almofadas do sofá.
Perdera a graça, a vida. O silencio calara o riso e emudecera as palavras.
O encanto esquecera-se de mim.
As flores pálidas já não me atraiam. Logo a mim, que as amava em seus perfumes e cores.
Noites de medo, céu interior nublado. Estrelas apagadas!
Infindáveis dias de tédio. Sol que não aquece natureza fria.
Esconderam-se de mim, as manhãs ensolaradas, os raios dourados de sol, o ocaso que fascina; a luz das estrelas.
Calados permanecem a musica leve do ciciar da aragem, o farfalhar das folhas, o canto dos pássaros, o murmúrio do mar.
Cuidados, remédios, resgate. Dias vão.
Novos dias. Com eles a luz banhando a noite interior, abrindo as janelas da alma para as cores, os perfumes, os sons.
Tirei o pijama, arranjei os cabelos, colori os lábios. Vesti uma roupa bonita, tranquei aqueles tristes dias num canto da memória.
Já não me podem importunar!
Rosemarie Spinoso Rossi