UM NAMORO FRUSTADO

UM NAMORO FRUSTADO

Tem coisas na vida que a gente não esquece. A história que pretendo contar aconteceu há bastante tempo, há quase meio século. Na época eu estava no quartel em Resende – RJ - (BCS/AMAN). Todas as vezes que tinha folga, ia à minha casa e, geralmente, de trem. Pegava o trem em Resende, saltava em Barra Mansa e embarcava no outro para Angra dos Reis, onde eu morava. A viagem era linda! Principalmente na segunda etapa, descendo a serra entre as matas. Quando em casa, minha mãe cuidava, com aquele capricho e carinho que só as mães sabem, da minha farda e, na volta eu estava impecável para chegar ao quartel. Em uma dessas viagens, cheguei à estação para voltar, bonito, no capricho de sempre. Ao entrar no trem, vi, em um assento duplo frente à porta em que eu estava, duas garotas lindas, cabelos castanhos claros e, em frente a elas, um assento vazio. Um verdadeiro convite. Dentro de mim, algo gritava: - Vai, Faustino! (Esse era o meu “nome de guerra” no quartel). Obedeci à voz do instinto masculino e fui. Sentei-me confortavelmente e já estava preparado para iniciar uma conversa qualquer quando uma delas tirou de uma sacola, (vocês certamente conhecem corvina), duas cabeças de corvina, fritas, uma para cada. Comeram aquilo com as mãos, lamberam os dedos e ficaram bem sujas do peixe. Já imaginaram eu chegar a Resende cheirando a peixe? Só restou-me uma saída: mudar de vagão. Mas que elas eram bonitas, não tenham dúvidas!

Gilson Faustino Maia
Enviado por Gilson Faustino Maia em 03/12/2009
Código do texto: T1957536
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