COMO É DIFÍCIL CULTIVAR O AMOR!

O amor não escolhe tempo nem hora e, quando chega, é para ficar. Simplesmente ele se instala, sem perguntar, e não obedece ao comando racional de quem a ele hospedou.

Da mesma forma, quando vai embora. Não importa a quem ele vai deixar chorando, pois o seu apego apenas se dá enquanto é bem tratado, não é acorrentado e, principalmente, enquanto não se atrelam – a ele – os sentimentos noviços de sua caminhada.

Lembrando assim, eu me pus a pensar, hoje pela manhã, como é difícil conservar o amor sadio. O ser humano, desde os seus primórdios, quando tem alguma coisa em seu poder, trata logo de querer dominá-la, subjugá-la, submetê-la ao seu comando. Isso independe de sua origem ser racional ou emocional.

Por isso, quando ele recebe, como dádiva, o amor, com facilidade – de forma, muitas vezes, maldosa – se deixa dominar pelo egoísmo e o quer só para si, esquecendo-se de que ele, o amor, é autônomo e não se permite viver apenas em um dos corações que ele escolheu.

Não é difícil ver casais apaixonados desfazerem seus sonhos porque um dos lados se deixou contaminar pela ilusão de que é preciso cuidar do amor de quem se ama. Não é preciso. Muitas vezes, ao querer cuidar desse amor, o que se faz, na verdade, é subjugá-lo a sua vontade, impedindo-o de fluir livremente, da forma como ele habitou aquele ser. Nesses casos, o melhor é entender que cada um dos parceiros, mesmo se amando, é completamente diferente na forma de amar.

Não se deixar dominar, no entanto, pelo parceiro (a) é uma tarefa árdua, pois cada um quer cuidar um do outro. Pensam, conjuntamente – e de forma independente, que a melhor forma de conservar o amor entre eles é isolando-o do convívio dos demais. Esquecem-se, todavia, que isso é o começo do fim para o amor que eles têm. Ao querer isolá-lo, para conservá-lo latente entre os dois, atrelam-se sentimentos não tão puros e que podem, no transcorrer da caminhada, transformá-lo em algo que, no seu final, será tudo, menos amor.

Mas, por mais que se tenha o cuidado de cultivá-lo livre, em muitos casos, ele, o amor, se vê obrigado a partir de lugar, de coração. E isso se dá, somente porque o seu espírito contagiante de felicidade desagrada a quem vive amargurado e sem perspectiva de amar. Na maioria dos casos, a inveja dos que não vivem premiados pelo amor é tão grande que a teia é estendida, de uma maneira tal, que, quando menos o amor imagina, sucumbe ao emaranhado de sua armadilha.

Trazer esse amor puro, imaculado, fazê-lo pleno em todo o transcorrer de uma vida a dois, é, sem sombra de dúvidas, o maior dos desafios para quem o carrega dentro de si. Cuidar diariamente da mente, limpá-la das substâncias noviças chamadas: ciúme, desconfiança, ódio, inveja, dentre outras, é dar passos certos para perenizá-lo. Perceber em cada gesto a confiança, o prazer e a alegria de compartilhar esse amor com o outro é muito mais fácil, para cada um, do que viver tentando encontrar fórmulas para justificar suas fraquezas naturais.

E tem mais: adubar o terreno fértil do amor, em cada uma de suas etapas, regando-o com a afabilidade, o desejo e o prazer é permitir-se – sem precisar querer dominá-lo – usufruir de tudo que ele, o amor, tem para proporcionar. Quando o corpo e a mente estão sãos, tendo o amor como convidado, tudo é paraíso. É, no mínimo, encontrar-se com todas as fantasias e encantar-se em todos os momentos – sem precisar sair da realidade – e sonhar de olhos abertos e ver em tudo que avista o caminho dourado da felicidade.

Por fim, refleti, o amor é a procura incessante de cada ser. Quando vemos no outro a reciprocidade do olhar, quando nos declaramos em troca de um sorriso, quando nos permitimos fazer loucuras – saudáveis – para conseguir a atenção da carametade, tudo isso é o desejo de ter o amor dentro de nós. O amor nos torna mais sensíveis, afetuosos e humanos. Sem o amor não há sonho que perdure, nem caminhada, a dois, que chegue ao fim...




 

Obs. Imagem da internet



Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 06/12/2009
Reeditado em 07/12/2011
Código do texto: T1963254
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