ESPIRITUALIZAR O SOCIAL OU SOCIABILIZAR O ESPIRITUAL?

Considerando que o social é composto de pessoas, as quais são espíritos encarnados, e inferindo-se que uma parcela dessas pessoas seja espiritualizada e que outra parcela não seja espiritualizada, mas que ambas compõem o social, depreende-se que o caminho de sociabilizar o espiritual parece uma tarefa um tanto difícil e complexa. Entretanto, ao olhar-se pelo outro ângulo, ou seja, o de espiritualizar o social, a visão fica ampliada e a questão passa a ser passível de ser entendida e compreendida.

Ao se entender que o homem é um espírito encarnado pode-se dizer que já é espiritualizado, porém, o próprio processo da reencarnação prevê ao homem o esquecimento de vidas anteriores, gerando o desconhecimento do fato.

Assim, o espírito quando encarnado, o homem, acaba por não se lembrar totalmente da sua origem espiritual e daí a conseqüência do fato de que uma boa parte da sociedade não seja espiritualizada e que, quando muito, acredita na vida após a morte, mas não acredita na reencarnação, sendo, portanto, considerada como espiritualista e não como espírita por não estar alinhada com os fundamentos básicos do Espiritismo¹. Entretanto, esta situação se constitui em etapa bem mais favorável do que a fase na qual se encontram os indivíduos que nem acreditam na vida a morte.

O espírito como ator e portador da cultura² é o centro evolutivo da sociedade da qual faz parte, portanto, todos os acontecimentos, todas as ações o levam à construção da cultura, conseqüentemente, à composição do social, que tem como origem a cultura de cada indivíduo, de cada grupo. Então, se o objetivo é espiritualizar o social deve-se partir para espiritualizar o indivíduo, que, por conseqüência, comporá a espiritualização de todo o social.

Compreende-se, então, que se trata de uma tarefa a ser realizada em duas frentes de trabalho: a primeira, primordial, fica a nível individual, eis que tratará da transformação do indivíduo, que por força da sua individualidade e da sua expressão no contexto social mediante suas ações, seu trabalho, seus exemplos, estará constantemente influenciando a outros; a segunda, como reforço e apoio à primeira, é a divulgação da Doutrina dos Espíritos por intermédio da mídia escrita, falada e virtual, pelas quais as obras escritas, as palestras e os artigos ampliarão o conhecimento sobre o sistema de idéias espíritas o que possibilitará a transformação pessoal de grande parte dos indivíduos, cujos resultados poderão ser convertidos diretamente para a espiritualização do social.

Por fim, é possível se concluir que este processo, no sentido inverso, pode ser considerado como a sociabilização do espiritual, eis que as coisas espirituais passam a fazer parte de uma maior porção da sociedade. Dentro destas linhas de pensamentos acredita-se que as duas expressões sejam corretas, mas que na aplicabilidade prática a espiritualização do social aparenta ser a alternativa mais realizável dentro do contexto social.

Referência 1: A Doutrina dos Espíritos possui os seguintes fundamentos: 1) Deus, como Creador, fonte da vida, absolutamente passível de compreensão e de comunicação; 2) Cristo, como grande transformador e revolucionário na composição axiológica do ser no processo evolutivo. É o irmão que potencializou o Evangelho, portanto ensinou o amor; 3) o livre-arbítrio, que significa toda a força do existente vivido, do existente vivendo e do existente que se viverá; o livre-arbítrio não representa só a capacidade de ir, vir, permanecer, ficar, mas a consciência do ser, a configuração da sua imagem, o autoconhecimento; 4) o processo reencarnatório, vislumbrando a reencarnação não como castigo, mas como processo evolutivo aberto; e, 5) o processo de inter-relação inteligente entre os dois polissistemas, o material e o espiritual. ”CRUZ, M. R. Cadernos de Psicofonias de 1994. (pelo Espírito Antonio Grimm). Psicofonado pelo Médium Maury Rodrigues da Cruz. 2 ed. Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas – SBEE, 2005 p.49–50.

Referência 2: CRUZ, M. R. Cadernos de Psicofonias de 2004. (pelo Espírito Antonio Grimm). Psicofonado pelo Médium Maury Rodrigues da Cruz. 1 ed. Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas – SBEE, 2005 p.148-149.

Alvino Chiaramonti
Enviado por Alvino Chiaramonti em 08/12/2009
Código do texto: T1966110