Num Encontro de Artistas

Foi no último sábado. Depois de um longo tempo sem aparecer, resolvi passar uma tarde no bar de meu amigo Marcelo Thiéio. Cheguei às 14h00, parei a moto e olhei para o canto. Para minha surpresa, lá estava o Benê, ex-vocalista da Banda do Beco e do extinto grupo Caminhão de Ossos, fazendo um showzinho informal, acompanhado por seu violão e também por alguém que se dispusesse a estapear o cajon.

Quando tirei o capacete, ao apear, ouvi que o Benê mandava "Até quando esperar" do Plebe Rude.

Entre uma cerveja e outra, papo com os velhos amigos, além de novas amizades que se formaram naqueles momentos.

Papo de música, de literatura, e do cotidiano de todo trabalhador, artista, estudante ou vagabundo.

E o Benê, inspiradíssimo, mandando Titãs, Legião, 365, Lobão, João Penca & Miquinhos, Paralamas, Barão, Ira!, Rita Lee, Zé Ramalho e Raul Seixas...

Mais cerveja, mais conversa, uma porção de amendoin e outra daquela salsicha curtida azeda, mas que cai uma beleza com cerveja.

Benê fazia uma pausa e voltava tocando Capital Inicial, Heróis da Resistência, Cazuza, Cassia Eller, Ultraje a Rigor, Seu Jorge, Jorge Ben, Tim Maia, O Rappa, Gilberto Gil, Alceu Valença, Chico César, Bob Marley, e fez uma homenagem ao Black Mania com o reggae "Cachimônia"...

Mais uma pausa para o refri, já que o Benê não bebe álcool e eu, de tanto ficar pedindo cigarro para os outros, tive que criar vergonha na cara e sair para comprar.

Quando voltei, Murilo Pintor já estava no cajon, e o Benê começou a sessão nostalgia, agradando a turma dos mais de 40, mandando Demônios da Garoa, o que agradou à mim também, já que sou grande fã das letras do Adoniran e do samba reto dos Demônios. Samba do Arnesto e Trem das Onze fizeram todos cantarem, ou melhor, gritarem até ficar roucos, desde o metaleiro até o rastafari.

Iniciaram-se os pedidos, uns bradavam "Ainda é cedo", outros "The Wall", e o Benê mandava "Fátima" e "Losing my religion".

Daí não teve jeito, na sessão cansaço foram boas risadas, e o Benê sabe bem como extraí-las de seu público, com Sidnei Magal, Fagner e Wando, aquela música da Boate Azul (vixxxx)...no final, a jam contou com Rodriguinho, tocando seu repertório variado e Evandro, que toca e canta Legião como ninguém.

Cai o manto da noite, no telefone em perfil silencioso, onze ligações perdidas, todas da minha mulher, brava como uma jaguatirica com TPM.

Pago a conta com o merecido e justo couvert para o músico, e saio de moto, sentindo os pingos da chuva que caía incessantemente. Bateu uma saudade enorme do meu filho e continuei rodando, cantarolando um trecho de música em que se diz: "valeu a pena, eh, eh..."

BORGHA
Enviado por BORGHA em 09/12/2009
Reeditado em 10/12/2009
Código do texto: T1968444
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