UM HERÓI DO PASSADO

UM HERÓI DO PASSADO

Vou falar sobre uma pessoa que eu não tive a oportunidade de conhecer: o meu bisavô.

FAUSTINO FIGUEIRA SERRÃO, ex-combatente da guerra do Paraguai, era pai do meu avô materno e o que eu sei, aprendi ouvindo os poucos comentários da família. Mais tarde, embora eu não tenha feito nenhuma pesquisa, li alguma coisa sobre ele. (Consultem o livro do historiador Alípio Mendes, “Ouro, Incenso e Mirra”, Edição da “Gazeta de Angra” – 1970, página 244).

Fiquei sabendo que o nosso herói era natural de Ilhéus na Bahia, residia no interior de Angra dos Reis onde exercia trabalhos braçais na lavoura das fazendas. Todos os dias, seguindo para o trabalho, passava em frente à casa de um companheiro, esperava o companheiro na estrada e seguiam conversando para o serviço.

Naquela época estourou a guerra do Brasil com o Paraguai e o Exército Brasileiro não tinha a organização atual, ou seja, numa situação dessas o recrutamento era feito a laço no interior.

Certo dia chegaram dois militares à casa do companheiro do Faustino e o intimaram a seguir com eles. O fulano chorou, implorou e, num último recurso, fez a seguinte proposta: - Se eu apresentar outro para ir em meu lugar, os senhores me liberam? Eu conheço um mulato forte, sadio e corajoso, tipo que os senhores vão gostar. - Onde mora esse sujeito? Perguntaram os militares. Disse o dono da casa: - Façamos o seguinte: os senhores durmam aqui esta noite que amanhã cedo ele vai passar por aqui quando for para o trabalho.

Assim foi feito. No dia seguinte, como era de costume o Faustino gritou do caminho: - Vamos embora, companheiro! O outro respondeu: -Olá, Faustino, estou um pouco atrasado, chegue e espere um pouco. Enquanto eu termino de me arrumar, você aproveite e tome um café! Assim que o Faustino chegou à porta do companheiro, foi rendido pelos militares e levado para a fortaleza que existia na cidade.

Acontece que o Faustino era muito conhecido e tinha amigos influentes na cidade os quais assim que souberam do ocorrido foram até a fortaleza e conseguiram soltá-lo. O comandante da fortaleza, entretanto, avisou: - Vá embora e se esconda porque se eu pegá-lo novamente você irá para a guerra.

O Faustino não era homem de abandonar um amigo e, pegaram um outro amigo dele. Ele disse: - Não, eles não podem levar o meu amigo. Vou até a cidade ver o que eu posso fazer por ele. Foi... e foi para a guerra.

Mais ou menos sete anos se passaram e o nosso herói voltou para casa, sem nenhum arranhão, trazendo suas condecorações.

Gilson Faustino Maia
Enviado por Gilson Faustino Maia em 12/12/2009
Código do texto: T1973509
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