Distopia

Distopia

São Paulo, Brasil, século XXI. Estamos chegando ao primeiro decênio desse novo milênio. Quem diria, somos uma geração que viu um final de século e um começo de milênio. Somos co-responsáveis por todas essas conquistas humanas. Se analisarmos bem, o homem passou dezenas de séculos sem grandes progressos tecnológicos, e em um ou dois séculos consegue mudar tudo. Nós podemos ir á lua, sondar outros planetas, fazer transplantes de coração como algo normal e sem risco de morte, aumentar a longevidade da vida, temos a internet que nos traz tudo em um click. Somos auto-suficientes e a cada dia estamos evoluindo para melhor.

A quem estamos enganando? Onde vamos chegar com toda essa hipocrisia? Será que não estamos vendo o caos em que estamos atolados? Ou vemos e fingimos não ver nada? Estamos a cada dia sendo mais superficiais, enganando e sendo enganados a todo o momento. Vivemos a utopia da tecnologia e nos achamos superiores a seres humanos de outras eras, nos portando como os privilegiados. Quando vamos abrir os olhos e ver que ser é mais do que ter? Que a vida não é apenas consumir.

Será que vale a pena uma minoria ser beneficiada enquanto uma maioria morre de fome para que tudo se faça “bom”? A quem estamos enganando? Até que ponto vale à pena deixar o dia-a-dia sufocar nossa ingenuidade e nosso bom caráter? Por que não damos mais valor às coisas simples da vida? Será por que as coisas simples são mais difíceis de se conseguir e o sofisticado está se tornando cada vez mais fácil? Que pena sermos tão vazios superficiais e pobres de espírito. E o pior não é o tolo que se acha tolo, o triste é o tolo que se acha sábio; como esse achará o caminho da simplicidade?

Estamos todos cegados por uma luz de um século demoníaco que se faz aparentemente bonito e benéfico, mas que por traz de toda essa aparente liberdade e liberalidade está encarcerando nossas mentes e conseqüentemente aprisionando nossos corpos, quando vamos valorizar mais a amizade ao dinheiro? O amor á hipocrisia? O afeto ao desafeto? A paz á guerra? Que bom seria se todos nós abríssemos nossas mentes e pudéssemos ver que estamos em uma grande roubada.

Na idade média as pessoas viviam cheias de superstições e loucuras vãs; acreditavam em todo tipo de bruxaria e viviam com medos infundados do além; um marido saia de casa por trinta dias e quando voltava e encontrava sua mulher grávida ficava aliviado, pois ela não o havia traído, eram os íncubos, demônios maus que tomavam sua mulher no auge de seu sonho e a engravidava; hoje temos a mesma história no norte do país, só que aqui no século XXI quem fez isso foi o boto. Entre tantas outras bagagens que trazemos de nossos antepassados está o ódio o rancor e a violência, será que realmente evoluímos? Em minha modesta conclusão acredito que o homem é o mesmo, os erros os mesmo, e as imperfeições as mesmas. Vivemos querendo ser enganados por não suportarmos nossas nossa pequenez.

Trabalhamos um dia inteiro e quando chegamos em casa temos nossa boa dose de anestésico em cima de uma linda estante, o anestésico se chama televisão. Corremos iguais a loucos (que por ventura muitas vezes estão mais conscientes do que nós) por um celular da moda, uma roupa nova, um carro e, por mil coisas supérfluas esquecendo-nos de coisas como carinho, afeto e amizade, onde e como estamos vivendo? Será que toda essa tecnologia faz bem?

Infelizmente estamos virando números. Somos numero para o governo. O que importa não é seu nome e, sim seu CPF. Não importa mais o contato humano e sim dois mil amigos virtuais. Aonde vamos parar com toda essa loucura? E o sentar no banco da rua e jogar conversa fora até altas horas da madrugada não tem mais importância? E o sentar em volta de uma fogueira e contar histórias e estórias não têm mais valor? Será que a vida perdeu o sentido? Ou a paranóia urbana está nos roubando o pouco de sanidade mental que ainda nos resta? Quantas vezes neste ano você se sentou com sua família sem TV ligada e gastou duas horas de diálogo?

Nós trocaríamos tudo o que conquistamos por felicidade? Ou morreríamos abraçados ao que parece felicidade? Está na hora de saber usar tudo com moderação e não sermos usados pelas coisas que temos. Está na hora de corrermos atrás do prejuízo e de nos reerguermos das cinzas e mudarmos nosso mundo, já que não podemos mudar o mundo inteiro, está na hora de colocarmos o amor, o carinho, a amizade e a fidelidade acima do status. Que tal nesse século XXI deixarmos de levantar um altar a hipocrisia e sermos seres humanos? Imperfeitos é lógico; mas sempre procurando a perfeição.

ronaldo moraes
Enviado por ronaldo moraes em 18/12/2009
Código do texto: T1985000
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