"Tudo vale a pena
se a alma não é pequena."
Fernando Pessoa
O que vale a pena , na vida
Mais um ano vai embora, e os desafios parecem estar apenas começando, porque faz parte da dialética da vida humana, este ir e vir de expectativas que se constroem, se destroem, se refazem e somam experiências, processualmente na vida das pessoas.
Neste sentido, é provável que muitos anseios humanos sejam realizáveis, outros não. Alguns, relacionados a vida profissional, outros a vida pessoal, mas o fato é que espera-se que se haja uma reflexão sobre o que vale a pena, o que nos ajuda a crescer como pessoa, pra que se dê continuidade, ou não.
Há pessoas que não dão a devida atenção à família porque acabam virando escravas do dinheiro, de acúmulo de bens materiais. Penso que não vale a pena, porque tudo passa um dia e chega uma hora em que o ser humano só precisa mesmo é se sentir inteiro;corpo, alma, e serenidade no espírito.
Logicamente, que para viver necessita-se de estabilidade, mas fazer dessa necessidade, a única coisa sustentável a vida, penso que seja tolice, pois agindo assim, o ser humano, se esgota, torna-se um morto-vivo, e nem percebe o sagrado em sua volta; as belezas e amores, que dispomos e que dinheiro não compra.
Até que ponto o que pensamos, queremos e/ou realizamos nos faz bem..? Haja vista que o ser humano nasce com o propósito de ser feliz e ao longo da vida, percebe-se que o tempo passa rapidamente e muitas coisas, simplesmente, passam apenas a fazer parte do passado. Umas até viram saudade, outras, perdem o valor, ou ganham lugar especial no coração por muito mais tempo que se possa imaginar. São aspectos relativos , penso eu, mas que são as vezes, determinantes numa vida.
No entanto, corre-se o risco de se passar pela vida, sem dar sentido a vivencia, sobrevivendo apenas. Sem que se perceba esta brevidade, em que pouca coisa realmente importa, e que são as alegrias compartilhadas a fazerem a diferença, visto que, somos responsáveis pela nossa felicidade.
Até porque, não adianta buscar felicidade distante de si... Não se sustentará! Salvo o amor que se cultiva (pela essência de ser) verdadeiramente, no interior humano, pelos outros e pela vida, apesar de que, devido a pressa, as responsabilizações, ou até mesmo a indiferença, nos fazem deixar pra depois, o contato carinhoso com as pessoas que amamos, que são importantes na caminhada e que de alguma forma, nos propociona prazer pelo simples fato da companhia e/ou existencia. As vezes, estas pessoas acabam partindo deste plano, sem ao menos ouvir ou saber que são amadas, importantes na vida de alguém.
Neste contexto, nem sempre dá-se conta que pra ser feliz precisa-se de tão pouco, das coisas mais simples que formam nossas memórias afetivas; as emoções espontâneas que emergem otimismo, motivação, equilíbrio, calor humano, por exemplo.
Percebe-se que ao tecer a historia, a preocupação humana geralmente está voltada para suprir suas necessidades materiais, negligenciando o invisível aos olhos, a sensibilidade, a alma, que pressupõe uma espiritualidade necessária a ser cultivada para aprendermos a olhar para dentro de nós mesmos e percebermos em que devemos melhorar, antes de apontarmos os erros alheios e fazer valer a pena, nosso percurso na vida.
Por fim, penso que as coisas boas que cultivamos na vida das pessoas, a amizade sincera, os sonhos vividos, o sorriso estampado, o aperto de mão, o abraço apertado, o silencio e a palavra na medida certa, entre outros elementos, são coisas que valem a pena para o bom convívio, além da lealdade e o respeito por si e pelos outros, pois cada ano que passa, aparentemente, é mais uma página da vida, mais um aprendizado que nos remete a repensar nossos olhares, nossa forma de interagir com o mundo, de intervir honestamente nas decisões políticais em nossa vida e na sociedade que estamos inseridos, e principalmente, listar nossas prioridades e filtrar o que vale a pena para a nossa harmonia pessoal e/ou social, com o cuidado em não negarmos ao aceno à felicidade, que nos fala através das vozes cálidas em nosso íntimo, que se impetram onde somente nossa consciência pode alcançar, manifestadas nos gestos mais simples da alma.