O Natal se aproxima...

21/12/2009 - 17h30

Estava eu pedalando rumo ao Lago Maracá quando ouvi uma gritaria e uma multidão. Um cara pardo, com os braços fechados de tatuagens saía de fininho, como se nada tivesse acontecido.

Mais à frente, uma garota oriental, caída no chão ao lado de uma bicicleta danificada, segurava seu "ifone" nas mãos, apertando-o com toda força.

O cara havia tentado assaltar a garota, que reagiu e foi jogada no chão. Ela estava cheia de escoriações, pois foi atirada ao asfalto com muita força e violência, porém, não entregou seu pertence tão facilmente.

É isso aí. O Natal se aproxima. É época de fartura para muitos agraciados e de falta de tudo para outros nem tão sortudos.

O Natal dos dias atuais resume-se em consumismo. Todos querem o tênis americano, o telefone japonês, o Ipod, o notebook, a pista hot whells. Querem uísque escocês, vinho alemão, presunto espanhol, azeite português, bacalhau norueguês. Comprar, gastar, comer e ter prazer. Será esse o espírito do Natal? Pelo menos para mim, a figura do Natal é a de José e Maria, um casal de poucas posses, pobre, vagando por uma cidade, procurando um local para passar a noite. Ela grávida, ele desempregado. E após vagarem, sem dinheiro e nem lugar para ficar, acomodaram-se em uma manjedoura (ou melhor estábulo) em uma noite fria, onde Maria deu a luz ao Rei dos reis.

O Natal não é sinônimo de fartura, mas de dificuldade. Não é sinônimo de luxo, mas de humildade; e nem por isso, deve ser sinônimo de tristeza, pois a esperança se renova.

Nossos jovens estão movidos por dinheiro, envolvidos na teia capitalista que domina a economia mundial. Eles querem. Querem e pronto. A televisão mostra a família perfeita, com a mãe tirando o assado do forno, o pai com a taça de vinho e as crianças com os presentes de Natal.

Dificilmente mostra o pai se embriagando no bar, o filho descalço olhando para os traficantes cheios de dinheiro, a mãe inconsolável, sem ter o que cozinhar para o jantar.

O Natal mostrado deveria ser este, para que quem estiver assistindo, passe a dar valor ao que tem, pensando que aquela abundância de comida que se faz e acaba sendo jogada ao lixo, poderia muito bem suprir necessidades em um outro lar.

Quando chega essa época do ano, todos querem dinheiro, todos querem ter poder aquisitivo. Uns para comer, beber e presentear. Outros para se entorpecer e fazer com que o sentimento de não ter nada passe mais rápido. Uns esperam o décimo terceiro, outros saem como predadores, buscando pegar, tomar dos outros aquilo que todos querem. Uns trabalham como burros e lutam como leões, outros caçam sanguinariamente como hienas e vivem sugando o alheio como se fossem vermes.

O Natal se aproxima. Vivamos seu verdadeiro espírito.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 22/12/2009
Reeditado em 30/12/2009
Código do texto: T1990561
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