O MELHOR DO TRABALHO

Cada um tem seu estigma; quando mais jovem eu costumava criticar os outros: Você trabalha demais, dia, noite, madrugada... Isso não é vida. Comecei a trabalhar aos dezesseis anos, eu era padeiro e dentro de um ano eu estava fazendo as mesmas coisas: trabalhando noite, dia, madrugada, finais de semana, as vezes sem folga, as vezes mais que doze horas/dia (verdade) mas eu gostava.

Com o tempo fui voltando ao meu velho raciocínio, quis viver uma vida mais lazerosa (Ah, se acostume com as palavras inventadas, ainda que não sugestivas. Lazerosa vem de lazer, acabo de precisar dessa palavra e não me importo se está dicionarizada ou não). E assim fiz, saí do serviço, procurei algo que me consumisse menos tempo e graças a minha mãe e ao meu pai comecei a cursar faculdade de Letras, virei estagiário trabalhando em meio período, hoje planejo uma carreira docente para trabalhar meio período, tendo possibilidades para empreender nas demais horas diárias, enfim, penso que esses são os ossos do ofício, e um dia me caiu a ficha:

Pô eu trabalho pra caramba, não é porque eu ainda não me sustento com a arte que eu não trabalho com ela. Veja só: Ensaio com a banda todo final de semana, escrevo constantemente - a hora que chega a inspiração lá estou eu: caneta e papel na mão – noite, dia, madrugada; compondo, tecendo poemas, digitando textos, planejando livros, projetando discos, então, é... o melhor do trabalho é gostar dele.

Etimologicamente falando, trabalho é a aplicação das forças e faculdades humanas para se alcançar um determinado fim. Então, viva o trabalho! Trabalhe com aquilo que te faz contente, não faça disso um fardo a ser carregado no cotidiano, quase metade de nossas vidas são dedicadas a labuta, pense nisso.