A borboleta e a teia de aranha

Não faz muito tempo que este fato aconteceu: eu estava no quarto do meu irmão, olhando para as ombreiras de sua porta, quando me deparei com a seguinte imagem: uma pequena borboleta de asas marrons, presa numa teia de aranha. Fiquei com muito dó da bichinha, porque ela estava lá, intacta, imóvel, encurralada, sozinha e completamente indefesa.

Observei ao meu redor, e não avistei nenhuma aranha por perto. Eu precisava iniciar o resgate daquele pobre inseto. Feito uma bailarina, fiquei com as pontinhas dos pés fincadas no chão, ergui meus braços e com umas das mãos retirei a borboleta de sua armadilha. Senti-me feliz, tive compaixão do animal, que não sabia quem eu era, de onde vim, minha cor, minha língua, meu país.

A única certeza que imperava naquele momento era somente uma: a borboleta estava salva. Tanto é que, assim que se viu livre, voou para outro lado do quarto, pousando no parapeito da janela.

Fiquei maravilhada ao vê-la, batendo as asinhas sem cessar. Ela estava liberta, solta contra as garras da suposta aranha que muito em breve iria devorá-la. Não sei se fiz a coisa certa. De um lado salvei a borboleta, de outro, retirei a refeição da faminta aranha.

Mas, o que eu poderia fazer? Quantas vezes em nossas vidas, já estivemos em situações similares ao da borboleta? Presos nas teias do medo, da desilusão e do tédio. E, tudo que nós apenas queríamos, era uma mão amiga para nos ajudar, a abrir nossas asas e voar em direção aos nossos sonhos.

E, quanto à aranha? Bem, da próxima vez, prometo a ela que não irei mais observar, as ombreiras da porta do quarto de meu irmão...Eu prometo.

Mayanna Davila Velame
Enviado por Mayanna Davila Velame em 27/12/2009
Reeditado em 29/05/2012
Código do texto: T1997350
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