Quando fala o coração.

Na linda cidade de Paraty, descansamos as bagagens, encontramos a casa limpa e devidamente organizada, (graças á jovem Núbia) a grama do quintal bem aparada, e ali, passaríamos alguns dias das nossas férias.
É sempre muito prazeroso estar em Paraty, tem duas redes na varanda para nos balançar, e a bela praia de São Gonçalo distante apenas quatro km dali. Se eu fosse adepta á caminhadas seria interessante esta distancia, pois tem muitas quaresmeiras pelos caminhos com florinha lilás e branca embelezando ainda mais a serra, que se estende na rodovia BR 101, e com o cantar dos passarinhos mais diversos do que é possível imaginar, mas se tratando de caminhadas eu prefiro as que passeio de olhos fechados sem a companhia dos mosquitinhos das matas.
Passaram-se alguns maravilhosos dias, nos dias de festas todos já estávamos reunidos, os filhos que haviam ficado em São Paulo, o meu esposo, e a nossa festa foi maravilhosa, no primeiro dia do ano fomos surpreendidos com as tragédias que se abateram na cidade vizinha, Angra dos Reis, choramos juntos com todos os brasileiros e lamentamos não poder aliviar a dor dos entes queridos de tantas pessoas. Meus filhos e esposo retornaram para São Paulo fizeram uma boa viagem, mas o meu coração teimava em apertar-se dentro do meu peito. Eu procurei de todas as maneiras uma alegria uma distração para mostrar ao meu coração, mas ele negou-se a sentir.
Fiz passeios na cidade com os meus netinhos a Maria Vitória e o Junior.

Chovia muito e as noites eram muito quentes, o céu me parecia mais distante, mais alto, eu não consegui ver muita beleza nele naquelas noites.
A natureza esta carrancuda... Pensava eu.
A felicidade é um estado de alma, realmente, ali, eu tinha tudo para estar feliz, mas o meu coração insistia em apertar-se dentro do meu peito.
Minha filha também sentia o coração apertar-se, eu não quis afligi-la ainda mais com os meus sentimentos, mas aconteceu realmente o que o nosso coração previa. O meu filho e minha nora sofreram um acidente de moto aqui em São Paulo. Não morreram porque não era o tempo de morrer, na pista onde eles foram arremessados não passava carro no momento, o resgate foi rápido.
Ele levou pontos no abdômen e sofreu muitas escoriações pelo corpo, minha nora algumas escoriações.
Agora está tudo bem com eles e com os nossos corações. 
 Eu aprendi com a vida a sempre dizer “Obrigada” mesmo se a situação for difícil, pois poderia ser pior. Aprendi também que o nosso coração fala, mesmo que nós não saibamos o que ele diz, e que aqui, bem dentro do peito, existe uma força maior que nos impulsiona a seguir confiante na vida, no amanhã e na felicidade plena depois do amanhã da vida. As quaresmeiras em Paraty continuam enfeitando o caminho da rodovia, os passarinhos cantando e encantando, e nós aqui e daqui para o futuro. O futuro depois do amanhã.



Fotos de Paraty e do céu belíssimo e triste na noite do primeiro dia do ano de 2010. Estas fotos pertencem á minha filha Daniela.