Que bicho é esse???

Tarde de sol quente e muito calor, encontrei embaixo de uma

árvore, um ninho, com vários ovos esmigalhados e umas aves ainda sem penas, mortas.

Intrigada com as aves que pareciam patinhos, mas tinham um bico enorme, fiquei a observar, quando ouvi um pio, uma estava viva.

Com pena de deixá-la no sol quente para com certeza morrer como

as outras, levei-a para casa.

Curiosa com a identidade da pequena ave, liguei para um amigo, fiz uma pequena descrição e solicitei ajuda para alimentá-la. Ele disse que dificilmente ela sobreviveria pois normalmente só aceita comida de sua mãe e não sabia me dizer que bicho era.

Águia, coruja, gavião? Quem sabe uma ave exótica?

Pesquisei na net e nada de filhote parecido com o danado do bicho. Até que finalmente, vejo uma imagem semelhante. Lá está minha ave pequena, bicuda e rara! Abro toda ansiosa e que surpresa...o bicho é um urubu!

Sobre protesto, meu irmão chamando o bicho de agourento, minha mãe querendo alimentá-lo com leite e a gata querendo saboreá-lo, estava eu com um filhote de urubu para alimentar!(como disse meu amigo Alcir, ainda bem que sou flamenguista...)

Tentei dar ração de gato batida com água.

O que fazer???

-Nheca, joga esse bicho fora!(crueldade!)

-Dá de presente para um vascaíno!(perversidade!)

-Maluca!(psiquiatra urgente...)

-Desinfetou as mãos...dá doença...(tomar vacina???)

-Bicho azarento!(Passar na benzedeira?)

-Melhor rever esse seu instinto maternal!(Opa, essa abre um leque de possibilidades, até que gostei!)

Isso é só um pouquinho do que ouvi!

PRECONCEITUOSOS!

Se fosse um animal raro, todos estariam orgulhosos de mim, mas como é um urubu...

Quanta demanda por conta de uma pequena, inofensiva e bonita ave, sim, é isto que você está lendo, eu achei o bichinho bonito, e mesmo ainda filhote, muito receptivo, aceita carinho, reage se o pertubam, e

acreditem, olhou nos meus olhos. Desconfio de quem desvia o olhar...

A solução, quem diria, veio de um amigo que não é flamenguista, mas que como eu gosta muito de animais. Ele ligou para o horto da cidade, eles aceitariam o bichinho.

Infelizmente, não consegui levá-lo a tempo.

O meu pequeno urubu abandonado, se foi. Fiquei triste por não ter conseguido salvá-lo como desejei, mas aprendi e apreendi bastante com essa experiência.

De agora em diante meu olhar para os urubus, não será mais o mesmo,

venci o estereótipo do feio, do azarento, do nojento.

Consegui associá-lo a beleza de ser diferente.

Sigel
Enviado por Sigel em 14/01/2010
Reeditado em 19/07/2014
Código do texto: T2028562
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