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     Crônica da Amizade



     Imagino o nosso cotidiano como uma viagem de barco, por sobre um mar inconstante e imprevisível, que hora pode estar sereno e com águas de um verde-mar manso e tranqüilizador, e outrora revolto, escuro e turbulento, podendo nos brindar com criaturas inesperadas e até assustadoras... A verdade inquestionável é que em nossa jornada enfrentaremos essas variações de humor deste mar que é a nossa própria vida diária, com suas alegrias, frustrações e mudanças de direção dos ventos... Ou então não zarparíamos do nosso “cais”... Pense bem: se a maré não mudasse, o que seria dos pescadores? Sem a força gravitacional da lua noturna, que dá lugar à segurança da luz solar, não haveria ondas... E de que vale um mar sem ondas? O que dizer dos banhistas e das pranchas de surfe, privados da inquietude das águas? O desafio que a vida nos impõe é exatamente essa imprevisibilidade “climática”, incentivando-nos a sempre mudar e a nos adaptar a novas circunstâncias do dia-a-dia, com a flexibilidade de uma árvore jovem, que ao balançar seus galhos à força do vento, permite que eles se verguem e não se quebrem, até que a tormenta cesse e o sol novamente possa entrar em cena...

     Mas convenhamos não podemos nos lançar à colossal aventura da vida sem proteção, sem lastro... Sem alma... Já sentistes o que é estar diante da tempestade sem guarda-chuva? Ou no mar alto, ao sabor aleatório do vento, sem sequer uma âncora? Ou no “olho-do-furacão“ sem um mastro onde se segurar com toda a força dos seus braços? Não dramatizemos tanto assim... Já percebestes o quanto é ruim comer uma pizza sem reparti-la? A pizza é para ser dividida, quer queiram ou não...

     Diariamente nos defrontamos com histórias de amargura e de solidão; de pessoas soturnas, encafifadas em seus apartamentos ou escritórios, investindo inteligente e oportunamente no negócio da ocasião, que vai lhes render o máximo de lucro, no menor tempo possível... Ou direcionando seus esforços para apenas e tão somente um determinado aspecto de suas vidas, negligenciando seus amigos e familiares, seu trabalho, sua saúde, sua espiritualidade... E sofrendo como poucos ao ver ruir o trabalho de toda uma vida... Sim, pois nenhuma obra sólida é encimada em pilar solitário...

     Tratemos então de sair à caça dos nossos pilares, guarda-chuvas, mastros, âncoras e jogos para pizzas... Você assim tem agido? Como anda sua família? Seu trabalho te incomoda? Tem conversado com um ser superior? Tem pedido pizzas-brotinho, para consumo individual? Tem alguém que possa chamar de AMIGO? Lembre-se, ser amigo e cultivar amizade é coisa que se faz desinteressadamente, sem segundas intenções, “tomando” seu precioso tempo... Dia após dia... Ouvindo e também dizendo, perscrutando, sentindo falta... E tendo o privilégio ímpar de... Receber tudo de volta (!!!), energizadamente, como a trajetória percorrida por um bumerangue australiano... Quer investimento mais rentável?

     Escreva aqui o (s) nome (s) de sua lista de (verdadeiros) amigos... Oxalá talvez venha a precisar de espaço adicional...

     E continue sua viagem por mares bravios, mas... Ancorado!





Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 20/01/2010
Reeditado em 11/08/2010
Código do texto: T2040723
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