O COPO D'ÁGUA

O COPO D’ÁGUA

Quando a gente sai para caminhar pelas periferias da vida não imagina às vezes os problemas que vai enfrentar. Manda o figurino que se tenha o cuidado de colher informações antecipadamente a respeito do clima, comércio, o ambiente de um modo geral, conduções, etc.

Pois bem, os dois amigos resolveram fazer um passeio ecológico, tirar algumas fotografias, caminhar um pouco, oxigenar os pulmões já bastante maltratados pelo dia a dia daquele escritório em que trabalhavam. Organizaram suas mochilas com tudo o que achavam que seria necessário e partiram. Depois de andarem de ônibus algum tempo, saltaram exatamente no final da linha e, após pedirem algumas informações, encontraram uma trilha.

A essa altura do campeonato o dia já não era tão criança e já passava um pouco do horário em que os dois costumavam almoçar (se é que se pode chamar de almoço aquele lanche corrido que estavam acostumados a fazer na esquina nos dias de trabalho), mas de qualquer maneira o relógio biológico não falha e horário é horário. A mochila estava abastecida e os dois pararam à sombra de uma aroeira, o céu estava azul com algumas poucas nuvens brancas, aqui e ali as aves ensaiavam o seu canto. Os insetos bem que tentaram atrapalhar o programa, mas eles haviam levado repelente. Após lavarem as mãos nas águas cristalinas daquele riacho que por ali passava, saborearam com bastante apetite as iguarias que haviam levado, descansaram um pouco e continuaram o trajeto.

Os dois estavam encantados com o passeio.

Muitas fotos já haviam tirado: pedras, árvores, flores, pássaros comendo as frutinhas silvestres... O sol estava realmente executando a tarefa de aquecer o ambiente e os dois sentiram sede. Água não haviam levado e o riacho já tinha ficado para trás há muito tempo. Voltar? Não, pelas informações que receberam, a trilha iria chegar à estrada principal onde poderiam pegar outro ônibus e pelo tempo que já estavam caminhando, deveria ser muito mais perto do que o trajeto que já tinham percorrido.

Algum tempo depois já avistavam a estrada, mas nenhum povoado onde pudessem pedir auxílio a alguém. Continuaram a caminhada, agora o calor e a sede já conseguiam diminuir o prazer do passeio e nesse caso já beleza alguma havia naquele local para ser fotografada, mas, enfim, chegaram à estrada. Meia hora depois já acomodados naquele ônibus empoeirado, refletiam sobre o valor de um copo d’água. Claro, tinham conhecimento das campanhas de controle sobre o consumo da água, poluição de rios e cachoeiras, mas nunca haviam passado por uma situação tão reveladora do valor de um copo d’água.

Gilson Faustino Maia
Enviado por Gilson Faustino Maia em 25/01/2010
Código do texto: T2051078
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