Blasfêmia X Progresso
Não passei fome, nem frio. Não tenho motivos para blasfemar. É engraçado assistir à comédia do "ser" humano. É mais fácil transparecer uma falsa rebeldia e chutar, xingar tudo o que desagrada, levar a personalidade às zonas mais baixas e podres do pensamento do que levantar-se, tomar uma atitude e reverter a situação.
Somos passíveis a erros. Sempre haverá a hora da bendita (?) blasfêmia, o extertor do stress, tão comentado e tão difundido em nossa cultura atual. Porém, o correto, ou o mais próximo do correto, é buscar aquilo que julgamos perfeição (ética? [vai do entendimento de cada um]).
É tão irônico ouvir autoridades, até mesmo intelectuais, afirmarem que não estamos mais na pré-história. Ou então, que não somos mais homens das cavernas.
Partindo dessas idéias, me questiono: será que os homens das cavernas, quando atormentados por atribulações, simplesmente sentavam-se e se utilizavam das piores mazelas verbais que haviam aprendido ao longo dos anos (e que pareciam tão tentadoras nessas horas)?
Não. Se o problema era fome sacavam de sua clava e batalhavam (por vezes, até a exaustão, até a morte) por sua sobrevivência. Se o problema era frio, depositavam todas as forças do corpo abrutalhado em seus braços e produziam fogo.
Céticos quanto a milagres?
Talvez.
Mas certamente mais sábios que nós, que pedimos o milagre e vamos dormir esperando que o progresso surja do além e que a despensa seja abastecida com o poder da mente.
A blasfêmia é o antônimo da disposição, pois ela predispõe o homem a desistir e reclamar.
Onde há a blasfêmia, há fácil desistência.
Onde há a desistência, não existe progresso.