"Não basta amar para ser feliz no casamento"

Não basta amar para ser feliz no casamento, é o título do livro escrito por João Mohana, Editora Globo, Porto Alegre-RS. A primeira edição foi publicada em 1980 e a que estou lendo é a 2a.edição de 1982.

Esta obra, adquiri em 1991, quando realizei com minha esposa um retiro para casais. Se eu tivesse lido e posto em prática seus ensinamentos, muitas das crises que tivemos, talvez pudessem ser evitadas.

Escrevo esta "crônica" com o objetivo de dar continuidade a outro texto que se reporta: Que é o homem o responsável maior pelo relacionamento de vida a dois; na realidade o que tem maior chance de resolver essas crises conjugais, é o que mais se dedica, ou melhor, o que mais sente a necessidade de mudança, seja ele homem ou mulher.

Outra constatação feita é a de que, dos relacionamentos humanos o mais complexo é aquele que aparece com o casamento. O autor citado João Mohama explica: " Ele é complexo devido aos numerosos fatores oriundos de ambas as partes, defrontadas na mais exposta das intimidades. Temperamento, cultura, idade, passado, ambições, objetivos, receios, gostos, defeitos, qualidades, QI, doenças, espiritualidade, circunstâncias imprevistas, terceiros, quartos e quintos, etc.etc. Bastaria lembrar um desses dados, o passado, para avaliarmos as dificuldades enfrentadas pelo amor durante os anos de vida em comum. Que automatismos trazem os dois? Que preconceitos? Que problemas? Afinal, os que se amam não se defrontam vazios.

Carregam uma bagagem existencial, e despejam essa bagagem no mesmo armazém. Que acontece quando no estoque de um vem pólvora e no do outro fosforo?

Afinal nada impede que dois incompetentes venha a se amar. Quando um deles tocar a campainha da porta do outro, quem caminhará sobre os dois pés? Um recalcado? Uma complexada? Um imaturo? Uma neurastênica? Um vingativo? Um ressentido? Uma hedonista? Um glutão? Uma inconstante? Um pervertido? Uma ignorante? Um mal-educado? Uma medíocre? etc.etc.

No casamento não basta amar, porque o coração esta enraizado numa personalidade, e a personalidade é complexa.

No casamento não basta amar, porque não é fácil ao ser humano subtrair-se aos condicionamentos, tanto aos condicionamentos subliminares como as ostensivos.

No casamento não basta amar, porque são dois estômagos que se casam, não apenas dois corações. E conhecemos os quotidianos imperativos estomacais.

No casamento não basta amar, porque dois estômagos e dois corações que se amam, precisam de casa, e sabemos o preço de uma casa, preço a pagar numa multiforme diversificação de moedas.

Não casamento não basta amar, porque o verdadeiro amor aspira ser fecundo, e a fecundidade traz os filhos, um ou mais, e os filhos exigem medidas, atitudes, opções, que devem ser assumidas por ambos, não apenas por um.

No casamento não basta amar, porque todo casamento sincero tem de resistir aos testes da vida, e para resistir a esse tipo de teste, sobretudo quando são testes mais fortes que a força do amor, terminam fazendo dos amantes as primeiras vítimas.

No casamento não basta amar, porque um ou ambos podem estar equivocados acerca do que seja o amor, e então o casamento passa a ser o itinerário fatal do desamor. E nesse penhasco a embarcação conjugal vais se espatifar.

Apenas por algum tempo o amor parece ser tudo e bastar para conseguir tudo. Passada a excitação da mútua descoberta, vem o defrontar-se com a realidade, com a verdade concreta de cada um. Então ambos descobrem muitas vezes, de modo amargo) que o amor não é suficiente para se sustentar a si mesmo por bastante tempo. E muito menos, para sempre.

No casamento o amor parece ser tudo só para os românticos da linda canção Love is all. Na realidade, love is not all.

O casamento feito simplesmente com amor é um edificio levantado com tijolos, sem cimento. Ventanias mesmo distantes, são capazes de derrubá-lo. Por inaceitável que pareça, o cimento de um casal não é o amor.

Já é hora de redescobrirmos as limitações do amor, precisamente para garantirmos a eficiência dele no casamento. Já é hora de sabermos, meus caros, que no casamento o amor é indispensável mas não suficiente; que o amor só se torna eficaz, se reúne todas as forças pessoais e extrapessoais, visando viabilizar suas próprias aspirações.

Ora, no casamento esta empresa se torna duplamente mais dificil, porque tem de ser levada a cabo por dois e em dois.

Soou a hora de saber que o amor, sozinho, é até perigoso, porque compromete a objetividade do olhar, incapacitando o parceiro para desprender-se da própria subjetividade. Precisamente porque ama. Se o outro possui um defeito, o amor não olha, ou age como se não olhasse, ilundindo-se, e ingressa assim mesmo no casamento. Depois de certo tempo, o gotejar termina perfurando a laje, de tanto bater do mesmo modo, no mesmo lugar. No mesmo coração.

É hora de sabermos que quando não há condições (além do amor), quando não há na personalidade de cada um, a vida conjugal resvala no desfiladeiro da incompatabilidade, tanto mais depressa quanto mais os dois se amam, pois acabam cegos para a verdade de cada um. E, cegos, como evitar os choques por deficiência de visão?

Já é hora de nos preocuparmos com o amor maturado, e não simplesmente com "o amor". Hora de precupar-nos em constatar se nós dois sabemos o que é o amor verdadeiro, entre as dezenas de concepções equívocadas, comerciais, suspeitas, falsidades, deturpadas do amor. É hora de preocupar-nos em descobrir se o nosso não é um dos falsos amores hoje balconeados no mercado dos corações, ou se, ao contrário, é mesmo um amor genuíno.

Este ano, entrevistado por um jornalista carioca, surpreendi-me com o espanto daquele rosto quando me ouviu dizer que não basta o amor para um casamento vingar. Dentro dele o noivo suplantou o repórter, e partiu para uma sabatina de perguntas desviadas do objetivo da entrevista. Esta ocorrência foi a gota que faltava para fazer transbordar minha decisão de escrever este livro, Não basta amar para ser feliz no casamento. Seja ele, diz o autor, meu amigo, minha amiga, uma lanterna em suas mãos: uma bênção para o casamento de voces".

Note que o primeiro fator da lista apontada, na mais exposta das intimidades está o temperamento. Outros fatores são importantes. Cabe cada caso e crise ser analisados separadamente. Vejam estou convencido de que o tema diz o que seja o compromisso de um casamento, ou matrimônio". Se você tiver interesse e quiser saber algo sobre algum tema especifico, por favor deixe seu comentário que responderemos se soubermos, ou através do e-mail: clesiodeluca@yahoo.com.br., citando a fonte Recanto das Letras.

Claro existem mais obras do gênero. Os problemas familiares cada vez mais avolumam-se em nossos dias. Surge uma verdadeira crise de valores na sociedade moderna. Em meio a isto tudo, o Cristianismo continua pregando que a salvação do mundo e a felicidade das pessoas está dentro do lar. Isto, porque Deus quis que a obra da redenção estivesse ligada à vida em família.

Não existem fórmulas mágicas, é bem verdade. O que tentamos dar a você são algumas pistas que, seguidas com o coração, poderão trazer a paz para dentro de sua casa. Que o Senhor abençoe sua família!, diz o Pe. Sérgio Jeremias de Souza, na obra "Se...você quer salvar seu casamento. (Editora Vozes - Dez 1997).

Rubem Alves escreve: " A vida para ser bela, deve estar cercada de verdade, de bondade, de liberdade. Essas são as coisas pelas quais vale a pena morrer.

Do Segredo dos segredos, prefácio, extraio também:" O homem não é maior do que Deus. No entanto, o homem é muito mais fim das contas, ele só consegue dor de cabeça se tentar impor sua vontade egoísta a vontade de Deus.

Um último pensamento que tem requintes de seriedade. A "união" de jovens casais, alguns adolescentes entre 15 anos ou pouco mais. Pergunta: Há maturidade suficiente para uma união compromisso e sério com esta tenra idade? Excessões existem, é o caso de Nossa Senhora, mãe de Jesus, um caso absolutamente a parte, mas existe. Maria era cheia de Deus e portanto portadora de maturidade exemplar.

Abraços

Clesio de Luca

clesio de luca
Enviado por clesio de luca em 15/02/2010
Reeditado em 15/02/2010
Código do texto: T2088044