Pronominais

Hoje em dia, é notória a despreocupação com uso correto da língua portuguesa, principalmente pelos jovens, seja na escrita ou na fala. Com certeza, há uma sensata correlação entre o uso da língua e da fala, sendo a primeira mais apropriada à coletividade, a um dado social, enquanto a segunda é algo mais particular, próprio de quem discorre.

A linguagem, como veículo de comunicação entre as pessoas, vem tratar da realidade material – morfológica e sintaticamente falando – e da realidade autônoma de cada um, através de sua visão de mundo, seja através das emoções ou dos fatos históricos em que se encontram. A partir disso, ocorre uma diferença entre a forma de discurso entre os indivíduos, que utilizam o mesmo sistema linguístico, e a normatização da língua. A priori, é necessário fundamentar que a linguagem provoca conhecimentos que deveriam gerar alguma preocupação com o uso linguístico. Não tento equivocar as variações que existem em diferentes regiões por motivos lexicais, mas o uso errôneo da gramática normativa, o qual ocorre em situações que nos remetem a forma culta da língua. Platão apregoava, no Crátilo, sobre a “justeza ou correção dos nomes” que deveriam acontecer na comunicação social, já que o indivíduo é o sujeito da linguagem e, sendo assim, se caracteriza através de sua alocução; e no diálogo Fedro, em que se propõe a linguagem apenas como um meio de conseguir conhecimentos e nos livrarmos das ignorâncias do mundo.

Por algum tempo, estas argumentações platônicas eram entendidas, aplaudidas e usadas durante muitas ocasiões e por muitas pessoas, desde a juventude. Entretanto, parece que toda essa filosofia tivesse sido esquecida por muitos jovens, seja por motivos sociais, em que convivem com pessoas totalmente (ou pelo menos em parte) desprovidas de certo conhecimentos básicos e essenciais, ou por motivos morais, já que “sem linguagem moral, não há ética possível”. E até a utilização da tecnologia apregoou o uso indevido do português através dos famosos programas, como Twiter, Orkut, Facebook, entre outras formas de comunicações dessa estirpe que são usadas para firmar a língua mal falada.

Mesmo que este tipo de linguagem entre os adolescestes seja um tipo especial de comunicação, de um grupo social, aparenta-se que há uma ausência de preocupação com o emprego correto do vocabulário, falar de acordo como deve ser a língua, pelo menos nos momentos sociais que nos remetem a isso. Ou então, ficaremos sempre na mesma situação como neste poema de Oswald de Andrade: “Mas o bom negro e o bom branco/Da Nação Brasileira/Dizem todos os dias/Deixa disso camarada/Me dá um cigarro”.

Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 17/02/2010
Reeditado em 17/02/2010
Código do texto: T2092399
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.