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     Crônica da Raiva

 
 
 
     A Raiva não é boa conselheira! Não pode ser ouvida em momentos críticos, onde uma decisão estapafúrdia pode comprometer todo o resto. Melhor não negá-la, mas recolher-se temporariamente ao âmago do ser, ante a realidade que a fez brotar.
 
     O homem é o único animal que sente raiva; na natureza as disputas territoriais, alimentares ou mesmo pelas fêmeas da espécie são movidas por instinto apenas. O derrotado recolhe-se, pagando às vezes até com a própria vida, mas disso não se sucedem comportamentos vingativos ou rancorosos. É a lei natural da sobrevivência, cruel, mas igualitária.
 
    Sentir raiva é como desfrutar de outros sentimentos: amor, saudade, alegria, tristeza, euforia, medo, expectativa, angústia e tantos outros... Todos são momentâneos e podem se revezar: afinal, o que é felicidade? Será apenas uma sucessão de momentos bons? Não conheço nenhum mortal “feliz” que não tenha passado por situações aflitivas. Eis aí o mistério da vida, e o motivo pelo qual as pessoas tomam caminhos diferentes: uns se acertam, enquanto que outros se perdem no limbo do existir.
 
   Radicalismos podem parecer interessantes à mídia ou aos olhos de terceiros, mas nada trazem de produtivo: a ira é o cúmulo da raiva, assim como o pânico é o ápice do medo, ou a paixão é o amor elevado à irresponsável potência... Mas nenhum deles é emoção duradoura, graças aos céus, ou este mundo se revelaria ainda mais conturbado, do que já o é.
 
   Não negue nem se envergonhe de sua raiva, mas também não se deixe levar por ela. Ninguém é perfeito e todos acabamos por falhar. Não mergulhe para sempre nos recônditos obscuros da alma, pois tudo é momentâneo e o sol brilhará de manhã, assim como tem sido desde o início dos tempos, atropelando de forma avassaladora suas “absolutas verdades”...

 
 
Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 23/02/2010
Reeditado em 02/03/2010
Código do texto: T2103376
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