Decepcionar-se

Estive pensando muito na palavra “decepção”, ou no sentimento de “decepcionar-se”. Refleti que quando isso acontece, quando nos decepcionamos com uma pessoa, passamos a julgá-la. Contamos seus feitos para todo mundo como forma de nos fortalecer, de ouvir “Você é mais forte que isso” ou “Você não merecia isso.” E passamos a praticamente guardar “aquela” mágoa com a maior razão. Isso prejudica a quem? A nós mesmos.

Por isso, tentei pensar nesse sentimento por outro ângulo. Já parou para pensar que alguém te decepciona porque você deixa? Porque você espera, cria expectativa além do que essa pessoa pode te dar? Quero dizer que através da nossa idealização de “pessoa perfeita” colocamos nossos desejos, anseios, vontades e necessidades nesse ser idealizado, praticamente um personagem de novela que precisa seguir nosso roteiro. Já pensaram nisso?

E assim nos decepcionamos, pois estas pessoas não são personagens de novela, são reais, seguirão seu próprio roteiro de vida e estarão sempre sujeitas a nos decepcionar, se insistirmos em colocarmos as nossas expectativas nelas. Elas, que por sua vez, colocam as suas expectativas em nós. E é ai que tudo se embola no meio do campo...

E para colocar mais lenha na fogueira: será que as pessoas realmente nos decepcionam? Será que não sabíamos desde o início o que nos esperava e mesmo assim pagamos para ver? E quando acontece a “dita decepção” ainda temos o direito de culpar,julgar, chamar de tudo aquilo que sabíamos que a pessoa era e que mesmo sabendo pagamos para ver?

O medo, a insegurança ás vezes podem ser coisa da nossa cabeça. Podem sim. Mas muitas vezes esses sentimentos vem desse lugar: do lugar de onde se conhece quem está do seu lado e o que se pode esperar dela. Sabendo do que ela é capaz, surge ciúmes, possessão e e até mesmo surtos incontroláveis. Mas vem cá? Você não sabia que isso podia acontecer? É muito mais fácil colocar a culpa no outro e sair de santa...não é?

Então o importante antes de tudo, é conhecer as limitações de quem está ao nosso lado, dessa forma, sabemos que não podemos esperar mais do que pode nos dar. Não falo em comodidade, falo em equilíbrio e paciência, e principalmente CONSCIÊNCIA.

Verdade absoluta: qualquer um pode nos decepcionar. Outra verdade absoluta: Também decepcionamos, pois nunca iremos cumprir as expectativas de tudo e todos. Vamos aceitar isso sem nos sentirmos vítimas nem culpados.

A partir de hoje, podemos tentar pensar: E se não criássemos expectativas? Se vivêssemos sem esperar nada? Se esperássemos menos para nós mesmos sempre sabendo do que somos merecedoras? Quem sabe não é mais fácil de não se decepcionar? Quem tem o maior poder sobre você? Você mesmo.

Mas pensei em todas essas possibilidades não por sabedoria, nem por praticá-las diariamente, mas pela busca de ambas. Por que? Porque decepcionar-se é sentir nosso coração dilacerado.

Então, quando pensei em em mudar o ângulo das possibilidades, foi nada mais nada menos que uma tentativa de curar as minhas decepções.

Confissao: não consegui.

Chegando ao final do texto, me sinto decepcionada: a teoria que tentei “pregar” agora no momento da dor não serve para nada. Decepção é decepção, não esperada, que invade através de uma dor inexplicável. E não vai mudar.

É minha gente, hoje acabo esse texto frustrada, não conseguindo fazer desse sentimento algo mais ameno e suportável...

Não é sempre que consigo.

E dessa vez acho que sei porque não consegui...

Existem decepções doendo dentro de mim.

Por favor, não sigam meu exemplo.

Quem sabe voltemos ao início do texto?

Quem sabe ao voltarmos novamente ao final podemos estar com outra conclusão?

É..a vida é um exercício.

E estamos todos juntos nela...!