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     Crônica do Medo
 
     
    
Fobos, filho de Ares, deus da guerra, personificava na mitologia grega o temor que amedrontava os inimigos nos campos de batalha...
 
     Sentir medo talvez seja a pior das emoções, se bem que o pânico ainda é capaz de multiplicar este sentimento, tornando-o quase intolerável; quem passou por momentos reais de pavor guarda bem em sua alma as terríveis lembranças: o corpo físico sofre uma intensa e súbita descarga hormonal, a saber, cortisol e adrenalina, a qual gera uma série de imediatas adaptações, a fim de se enfrentar um possível agressor externo: os pelos se eriçam, os dentes rangem, a pressão arterial se eleva, os músculos se enrijecem, a velocidade dos batimentos cardíacos se acelera e nos tornamos temporariamente capazes, mesmo que não totalmente cientes disso, de lutar contra a maior das ameaças, representada pelo risco da morte e do morrer.
 
     Muitos relatos já foram divulgados, concernentes a pessoas realizando atos impensáveis diante a situações de medo extremo; agora mesmo me vem à mente a história real de uma mãe que lutou contra um jacaré que havia abocanhado seu filho pequeno, ou o de um avô que matou a facadas uma enorme sucuri, que esmagava seu neto, ambos bem sucedidos, devolvendo a vida às crianças! O que se conclui então é que o medo pode ser benéfico, inclusive por ser aprendido, fazendo com que possamos tomar precauções capazes de impedir novos momentos de perigo: “gato escaldado tem medo de água fria” ou “quem morre afogado é quem sabe nadar” são exemplos da sabedoria popular a respeito do fazer bom uso do sentir medo.
 
     Obviamente, é bem mais aconselhável nos submetermos ao medo prudente, como por o exemplo o de não reagir a um assalto, uma vez que é sabido por todos o fato do meliante também ser movido pelo medo, e em função dele ser capaz de atitudes extremas e irracionais; “mais vale um covarde vivo, do que um herói morto”, também nos aconselha o senso comum.
 
     Mas não sejamos tão benevolentes: o medo pode sim se tornar um incomôdo companheiro, transformando em dias de agonia a vida de muitos; a palavra fobia, derivada da mitologia antes citada, é frequente causa de inadaptabilidade, denotando entidades tais como a fobia social ou mesmo a agorafobia, que é a “memória” gravada de ansiedades anteriormente vivenciadas, a qual antecipa a possibilidade de novos momentos de aflição, e acaba por incapacitar o indivíduo, uma vez que ele é impelido a se esquivar de muitos compromissos ou oportunidades de ascensão pessoal, familiar e profissional. O ápice do medo irracional é a chamada “Síndrome do Pânico”: os portadores da mesma sabem bem o que é ser taxado de chato, hipocondríaco ou “ptizento”, sendo evitados e ridicularizados por terceiros, bem como por profissionais de saúde pouco preparados a lidar com a questão.
 
     A boa notícia, entretanto, advém do fato de que não podemos nos privar do medo real, já que ele é um sentimento fisiológico e possível sentinela de eventuais ameaças, mas devemos sim controlar o medo irracional e ilusório, que paralisa as nossas necessárias ações. Basta procurar ajuda profissional e se preparar para um longo, mas produtivo período de tratamento e crescimento pessoal, trilhando novamente o caminho do desenvolvimento, enquanto ser humano.
 
     E então... Como andam seus medos?



Obs: obra do pintor norueguês Edvard Munch, "O Grito"
Max Rocha
Enviado por Max Rocha em 03/03/2010
Reeditado em 03/04/2010
Código do texto: T2117790
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