A amizade

Como se deve começar uma amizade? Desconfiando primeiro ou lhe atribuindo total confiança. Qual o melhor jeito?

Os ingredientes de um carro de primeira são ingredientes de primeira, não? A mesma coisa com o bolo, a festa, o filme, o suco de maçã.

Um amigo meu, outro dia, me disse que jamais teremos uma segunda chance de causar uma primeira boa impressão. Mas na amizade a quem se aplica essa tese a você ou a de quem vem chegando.

Aí você vai me falar de sintonia. Qual das duas sintonias que estamos falando, da sua ou da de quem vem chegando?

Confesso nunca encontrei alguém que se titulasse do mal. Ninguém se apresenta como do mal. Ninguém tem nada que denuncie que é do mal. Pergunto a aparência do primeiro momento, é tudo? Ou nossas decisões estão impregnadas de outros elementos que nos escravizam e embaça o nosso discernimento. Quanto nós somos influenciados pelos comportamentos e situações vividas por outras pessoas? Por que o mundo atual está duvidando primeiro para depois verificar se existe algum bem.

Será nossa paranóia de ver o mal sempre no primeiro plano? Nos antigamente, que não é tão antigamente assim, o crédito era cedido de maneira positiva num primeiro momento e o comportamento do indivíduo aumentava ou diminuía esse crédito de confiança. Era uma forma mais prudente?

Hoje, todos nós, nem temos mais esse crédito inicial. Esse foi substituído pelo descrédito total e seguido de desconfiança com o pretexto de – Se eu abri minha guarda, me ferro.

-Amaremos menos, buscaremos muito mais e nos doaremos muito menos ainda. O que exponencialmente aumenta a nossa quantidade de enganos e compromete a qualidade dos nossos relacionamentos. A coisa é meio louca, assim mesmo.

E aí me vem a pergunta: estamos ganhando ou perdendo? Uma coisa, digamos: nós raramente sentimos nosso próprio cheiro.

Manuel Oliveira.

Manuel Oliveira
Enviado por Manuel Oliveira em 07/03/2010
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