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    Crônica do Sonho e Fantasia
 
 
        
      Não me divirto com os problemas do mundo! 

      Explico: é sabido por todos que notícia ruim, tragédia, acidente, violência, doença, corrupção, denúncia e tititi sobre as desventuras dos famosos são alvo e centro das atenções da maioria; percebo isso claramente no dia-a-dia e até aqui no Recanto, onde muitos textos se destacam pelo seu conteúdo apelativo. Nada contra os mesmos, mas retratam bem a realidade atual: parece que as pessoas precisam de uma dose diária destas notícias negativas, não sei com que propósito; talvez seja apenas pelo hábito... ou melhor, pelo mau hábito!

      Acredito plenamente que para enfrentarmos a realidade devemos estar antenados aos problemas do cotidiano, de forma a exercermos a nossa cidadania, com seus deveres e direitos, não nos tornando insensíveis aos problemas alheios. A maior arma contra a desigualdade social certamente é a informação responsável, que permita ao seu recebedor emitir um juízo crítico a respeito.

     Mas creio também piamente no quanto necessitamos de sensibilidade, em doses igualmente diárias: admirar a natureza em seus instantes de graça e beleza, que tantas vezes nos rodeiam, sem sequer serem notados (aprendi com os haikais), descer do carro e andar a pé: quantas cenas perdemos por passar apressadamente pelos caminhos... Não quero ler ou assistir a todo momento reportagens sobre a cotação do dólar ou do euro, nem tampouco sobre a última investigação policial ou menos ainda sobre os assassinatos do dia; preciso acreditar que a maioria dos seres humanos são bons e honestos; e que a vida é mais bela do que a que vemos nos jornais!

     Procuro sim, alento e diversão real na surrealidade das artes, principalmente a literatura e a filmografia: quero caminhar pelas ruas de Porto Alegre do Quintana, pular por sobre a pedra no meio do caminho de Drummond, lutar ao lado de Riobaldo e Diadorim contra Hermógenes, na criação de Guimarães Rosa... preciso “audaciosamente ir onde nenhum homem jamais esteve”, com a nave Enterprise de Roddenberry; dispensar a “licença para matar”, mas dirigir os carrões e as Bond Girls namorar... da obra de Fleming. Impossível assistir aos seres azuis em Avatar, de Cameron, e de Pocahontas, da Disney, não lembrar...

     A ganância e a intolerância levam à disputa e muitas vezes às guerras. Falta arte a quem se ocupa de tais mazelas. A vida é uma dádiva que herdamos do Criador e deve ser sempre regida pelo trabalho honesto e pela realidade, mas igualmente brindada com pitadas de sonho e de fantasia. Receita simples, antídoto eficaz contra as toxinas que envenenam nossa alma, mas há tempos perdida na escuridão dos dias contemporâneos.