Medo e Impotência

Esses foram os dois sentimentos que vivenciamos no ultimo dia 04/03/2010, quando, alguns minutos após as 16 horas, fomos surpreendidos(as) com o tiroteio e, logo em seguida, gritos de pavor e correria pelos corredores da Universidade.

Inicialmente não sabíamos bem o que ocorria, o medo de sermos atingidas por uma das balas disparadas provocou várias reações. Em nossa sala de trabalho, sala 24 blc. “C”, após ouvirmos a notícia de que alguns presidiários estavam sendo “caçados” por tentarem fugir do presídio, fechamos a porta da sala e aguardamos sentadas no chão. No momento éramos duas professoras e duas alunas. Após alguns segundos, a aflição aumentou, pois, sem clareza dos fatos e totalmente inseguras, nosso sentimento foi de medo e impotência.

Somente saímos da sala quando dois alunos que haviam presenciado nossa aflição bateram na porta informando que a ordem era desocupar o prédio, todo mundo estava indo embora, tendo em vista que os “fugitivos” tinham se escondido no entorno da Universidade, e que a busca policial continuaria.

Esse foi mais um momento de tensão, pois ao sairmos visualizamos policiais armados disparando tiros e corria notícia de haver presidiário atingido. Às pressas, conseguimos sair do espaço que estávamos, e ainda amedrontadas, saímos do Campus.

O que fazer em situações dessa natureza, numa Universidade em horário de efetivo trabalho pedagógico? Como manter a calma e orientar os alunos a não agirem compulsivamente? Essas foram algumas reflexões que fizemos.

É evidente que alguma providência deve ser tomada, em caráter de urgência, para garantir segurança aos que trabalham e estudam nessa Universidade, principalmente com relação às ações da Segurança do presídio.

Embora supondo que o foco das discussões esteja no fato de estarmos muito próximos a “criminosos” e/ou na evidente fragilidade da segurança no presídio, temos clareza de que os privados de liberdade não estão privados, constitucionalmente, de saúde, educação, lazer, esporte..., e que a garantia desses direitos pode ser a melhor forma de garantir a segurança dos que estão em liberdade, assim como a reeducação das pessoas em situação de retida liberdade.

P.S. O presídio está localizado ao lado da UFAL-Arapiraca/AL.

Maria Gorete Rodrigues de Amorim

Professora Assistente - UFAL - Campus Arapiraca