Talvez, uma crônica de amor

Não sei o porquê, mas hoje acordei nostálgico. Talvez, seja por causa do céu cinza que cobre minha cidade solitária. Ou então, deve ser em virtude do gosto de seu beijo que até hoje tenho guardado com zelo em minha boca.

Penso tanto no meu pretérito. Estou preso nas teias da minha memória e no mar que me embala nas ondas das lembranças. Acabo sempre ancorando o barco da minha vida, no porto do teu coração.

Deixo a cama, sinto frio. Na cozinha derramo na xícara um pouco de café. Bebo-o e queimo minha língua. Preciso de um cigarro para aquecer minha alma pungente e abandonada. Devo desistir do amor? Devo cerrar meus olhos e pedir tua presença? A única verdade que agora prevalece é tentar lembrar de mim para poder te esquecer. Enjaular meu coração nas profundezas da escassez. Mas, antes disso vou me debruçar sobre o parapeito da janela, olhar para os primeiros pingos de chuva e dizer para os pássaros que recebem o vento gelado no horizonte “Eu ainda amo você”.

Mayanna Davila Velame
Enviado por Mayanna Davila Velame em 20/03/2010
Código do texto: T2149959
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