CAMELOS E DROMEDÁRIOS – um estudo de caso

Ontem, no bar (pois é…), levantou-se uma questão muito, mas muito, curiosa. Para que, raios!, serve a corcova do camelo? Se preferir, como o fizeram alguns presentes no momento da discussão: para que serve a “cacunda” do camelo? Pois teorias não faltaram. “Serve para armazenar gordura”, disse um. “Não, ela é depósito de água e por isso ele aguenta tanto tempo no deserto sem beber”, remendou outro. “São as bolas do camelo… AS BOLAS!”, afirmou um terceiro, empolgado.

A primeira teoria, a da gordura, me pareceu meio sem sustentação. Afinal, para que acumular gordura nas costas do bicho? Se fosse por conta de proteção térmica, melhor seria um estoque homogêneo em volta do camelo todo. Tudo bem, sei que os animais têm a tendência de acumular gordurinhas localizadas (inclusive, neste quesito, eu tenho um leve parentesco com o camelo, pois carrego um sutil – sutil mesmo, por quê? – estoque de gordura nas laterais da barriga. Ta bom, admito, na dianteira também… vai ver que é para compensar as duas corcovas), mas acho que imaginá-lo em forma de dois montinhos nas costas algo meio exagerado.

A segunda teoria foi a mais bem embasada a princípio: seriam estoques de água. Todo mundo sabe da fama do camelinho; portanto, ele poderia muito bem beber, beber, beber, beber, beber, encher aqueles dois balaios com o precioso líquido e atravessar o Saara como quem vai do Boa Vista a Piraquara (essa só curitibanos vão entender). “Tanto que, se você for no zoológico e o camelo não tiver bebido recentemente, você vai ver que as cacundas deles tão murchinhas”, defendeu o teórico, com muito embasamento. Mas algo me diz que não é isso não, pois nunca vi camelo com corcova murcha, pendendo na lateral do animal como se fossem duas bolsas Louis Vuitton vazias.

Eu, particularmente, sempre acreditei que elas serviam para firmar o passageiro no lugar com segurança. Explico. Se você não sabe, camelo é meio de transporte – apesar de eu nunca ter montado num para testar se eles me detestam tanto quanto os cavalos –, então, pensem bem, o camelotorista (que é quem pilota camelo) senta entre as duas cacundas, sendo que a de trás serve para dar apoio às costas e a da frente para proteger a cabeça do motorista das molas vindas de carros de Fórmula 1 que possam estar logo à frente (se o piloto do carro foi o Rubinho vai voar mola com certeza, mas pelo menos você fará a ultrapassagem sem muita dificuldade).

Quanto a serem as corcovas as bolas do camelo, me nego a comentar. Por quê? Simples: se fosse assim, só existiria camelo macho – o que inviabilizaria a reprodução da espécie, mas preservaria o saldo dos cartões de créditos da camelada (sempre há os lados negativos e positivos das coisas, rapaziada). “Ah, mas eles nascem do Espírito Santo dos Camelos”, tentou salvar o defensor da tese, mas sem sucesso.

E temos de nos lembrar dos dromedários – que dão, por si só, outro tratado. Afinal, por que Deus, que é bom, onisciente e protetor de suas crias, deu ao dromedário apenas uma cacunda? Puxa vida, assim, o coitadinho sente-se inferiorizado perante o camelo, meu povo. Isso não se faz, tstststs! Alguns dizem que o dromedário é um camelo que não se desenvolveu por completo. Porém, se assim fosse, ele se chamaria pré-camelo ou algo que o valha.

Outros dizem que o dromedário é um camelo que, pobrezinho!, nasceu sem corcovas e, com o passar do tempo, por má postura ao usar o computador e na falta de um engenheiro de segurança para corrigi-lo, desenvolveu uma corcunda. Hum… Não sei, não sei, tenho lá minhas dúvidas. Esse papo de corcunda ganha força também naqueles adeptos de que a origem dos dromedários é francesa, parisiense – mais precisamente das redondezas de Notre Dame – e de que eles apenas migraram posteriormente para o Egito e cercanias. Só que na França eles seria chamado dromedariô, enfatizando a última vogal e forçando a barra no biquinho na hora de falar.

Aliás, “cercania” é uma boa palavra para ser usada por ignorantes, como eu, que, além de não saberem patavina sobre camelos, dromedários e quasímodos, ainda têm preguiça de pesquisar no Google para descobrir a verdadeira procedência de seres tão intrigantes. Por falar nisso, alguém aí sabe o que significa Quasímodo? Alguns dizem que é um marsupial, mas tenho cá minhas dúvidas…