Argentina: Hasta la victoria siempre!!

Lembro quando cheguei nesse país em 2004 e permaneci por dois longos anos, olha que sou brasileira, vizinha, do “país irmão” e ainda sim, fui recebida legitimamente como estrangeira (ou alienígena), com direito a um apelido que perdura carinhosamente até hoje: “Garota”. Olhares espectadores, sorrisos gratuitos, tratamento vip, quarenta convites para “el asado” no final de semana e mil litros de “mate” de segunda a sexta-feira. Traduzirei a palavra mate, como chimarrão, é extremamente social, você pode conversar horas a fio com a bendita bebida, seja verão ou inverno, da hora que levanta a hora que dorme. A bebida é interessante, tem valor social, é diurética e fluidificante, é como uma droga com efeito da verdade. Quando a visita está prestes a se retirar, vem a indagacao: “Hey, che, tomemos unos mates mas” e isso segue por mais ou menos dez vezes repetitivas até que a língua fique seca e verde, ou, você tenha uma ligeira diarreia.

Vivi em Rosário, a cidade é tao universitária que no período das férias a mesma fica inabitada, no entanto, durante as aulas, existe uma multidão de jovens desfilando pelas ruas, alternativos, hippies, casuais... o comum entre o clássico e o despojado é a velha e boa havaiana nos pés, e acreditem: Esse chinelinho que não descola e não dá cheiro, pode até ser meio cafona no Brasil, mas na Argentina, meus amigos, é chiquérrimo! Há pessoas que viajam ao exterior (Brasil), somente para comprar o tal calçado famoso, pensei em contrabandear, formar quadrilhas organizadas, traficar havaianas e quem sabe, ficar milionária.

Devo admitir com certa relutância, mas Argentino é legal, são os brasileiros que enchem o saco com os milhões de piadas, enquanto los hermanos tem apenas uma: Pelé! Não poderia contar nos dedos (juntando pés e mãos) e outras mãos emprestadas, quantas vezes escutei a pergunta: Quem é melhor jogador, Pelé ou Maradona? (ambos não jogam mais, o que importa, então?) É muito importante esta questão e os Argentinos levam-na a ferro e a fogo! Mas fosse qual fosse minha resposta, em seguida vinha a contestação orgulhosa: “Maradona es el jugador más grande del mundo” e a conversa seguia num rumo à morte ou pelo menos, uma briga com foice e palavrões. Olha que eu era extremamente educada (nessa época). Ainda sem gostar de futebol e sem entender patavinas do esporte mencionado, certa vez nutri-me de entusiasmo e nacionalismo (também aprendi a amar Pelé como sangue do meu próprio sangue) e concordei com os boludos, ops, com los hermanos, ao dizer: “Claro, claro... Maradona é o melhor do mundo!! O maior cheirador de cocaína!!” E assim, esquentava mais uma discussão diplomática, com armas e escudos, a guerra estava travada.

Direito de resposta retardatária:

Um brasileiro entra num bar de Buenos Aires e três argentinos que estão sentados de canto resolvem irritá-lo.

O primeiro vai até ele e fala:

— O Pelé é veado.

O brasileiro nem olha para ele e diz:

— É mesmo?

O segundo vai lá, chama a atenção do brasileiro e manda:

— O Pelé é um bichinha!

O brasileiro parece não ligar, só diz:

— É mesmo?

Aí o terceiro tem uma iluminação, levanta, grita:

— O Pelé é argentino!

E o brasileiro responde:

— Bem que seus amigos me falaram!

… o churrasco argentino é conhecido mundialmente, (não porque há uma grande concentração de cuecas reunidas e nem porque a cada 10 boludos que se escuta, o intérprete absorve uma frase inteira), mas sim, pela carne macia e suculenta, (dizem que é pela falta de morros, as vacas sedentárias não criam músculos...), eles sabem realmente preparar um churrasco, há fartura e técnicas especiais. Abundancia! Totalmente oposto do mirrado churrasco paulista, composto de duas linguiças na brasa e 5 caixas de cerveja na geladeira.

O estranho do churrasco argentino são os adicionais, tripas e cérebro com um sabor muito “especial”, a boca cria um brilho viscoso de gordura que escorre até o queixo... tudo que posso dizer (para não estragar minha pitoresca relação com los hermanos) é: Quem come não esquece... mas a Quilmes bem gelada desce tao redondo quanto a Skol.

Dizem que a má fama dos argentinos se dá pelos portenhos (cidadãos nascidos em Buenos Aires), mas tenho minhas dúvidas... escutei falar que argentino adora brasileira, mas na Argentina, é ao contrário: são as brasileiras que morrem pelos argentinos... Na Argentina estão também as mulheres mais bonitas do mundo (isso ouvi lá), o melhor futebol, os melhores esportistas e a melhor comida, ainda que eu só tivesse comido frango com pão, pão com frango, carne com pão, pão com carne... Reclamam da nossa comida, dizem que só temos feijão e carne de touro, e ainda, os invejamos! É verdade que carecemos de nacionalismo, mas nacionalismo sobra aos argentinos ao ponto de torná-los arrogantes. Deus é argentino e eles afirmam que é o tal do Maradona que um dia jogou bola, sem perceber que hoje, a bola é o próprio jogador. Eles poderiam até falar do Che Guevara se quisessem, mas ninguém acreditaria, todo mundo acha que o cara é cubano!

Invejamos a soberba argentina e a própria inveja deles em relação a nós, só pode ser isso! Dizem que o argentino é legal e eu também acho, mas só quando dorme. E para terminar, deixo uma gracinha, pois é evidente, perdemos a amizade, mas nunca a piada:

Um brasileiro está calmamente tomando o café da

manhã quando um argentino típico, mascando chicletes,

senta-se ao lado dele.

O brasileiro ignora o argentino (óbvio) que, não se

conformando, começa a puxar conversa:

- Argentino: Você come este pão inteirinho?

- Brasileiro (de mau humor): Claro.

- Argentino: Nós não. Nós comemos só o miolo, a

casca nós vamos juntando num container, depois processamos,

transformamos em croissant e vendemos para o Brasil.

O Brasileiro ouve calado.

O Argentino insiste: Você come esta geleia com o pão?

- Brasileiro: Claro.

- Argentino: Nós, não. Nós comemos frutas frescas

no café da manhã jogamos todas as cascas, sementes e

bagaços em containers,depois processamos, transformamos

em geleia e vendemos para o Brasil.

- Brasileiro: E o que vocês fazem com as camisinhas depois

de usadas?

- Argentino: Jogamos fora, claro!

- Brasileiro: Nós não. Vamos guardando tudo em

containers, depois processamos, transformamos em chicletes e

vendemos para a Argentina...

Observación: En realidad, tengo grandes amigos argentinos y espero que se algun de ellos, por fatalidad, logren leer mi articulo, que no se enojen demasiado... Pero cambio este pedido por otro: Ojalá no entiendan nunca el portugués!! Saludos de la amiga brasilena des de Alemania! Los quiero!!!!