Jesus venceria a eleição?

Uma das máximas da política diz que cada comunidade tem os governadores que merece. É uma espécie de explicação para aqueles governos que não dão certo e são tachados pela incompetência ou morosidade. Ah, essa frase é usada também pela oposição na tentativa de forçar a opinião pública contra quem está no poder e até dá certo. Aliás, é muito fácil convencer (enganar) o povo. Para quem nunca acompanhou uma eleição, eu indico um passeio por sua cidade na véspera do dia de votação, nos bairros mais pobres, você verá coisas interessantes.

É com base nessa constatação de que o povo pode facilmente ser induzido a votar em qualquer cidadão – tendo ele a solução mágica para todos os problemas de um município, estado ou nação – que coloco o questionamento: será que Jesus venceria a eleição? Desde já, que fique bem claro que este não é um texto que trata de religião, mas uma simples análise do atual momento da política nacional, marcada por episódios que todos conhecem. Também não critico aqueles que pegam seus votos dentro de igrejas, acho que nem a Justiça ou o papa se importam com isso.

Mas não pense em como seria o trabalho de Jesus com toda a “fama” que ele tem hoje. Imagine um homem com a mesma índole e propostas de pacificação de Jesus. Na atualidade, é possível acreditar em um candidato com esse perfil, que chegaria como o salvador dos homens? Acho que Jesus não teria sucesso em uma eleição. Minha tese é que ele concorreria por seu desejo de mudar o mundo, mas não conseguiria apoio nenhum sem conhecer o jogo político. Não basta ser boa gente e ter grandes propostas. Ele precisaria de aliados fortes para o pleito e ainda uma boa ação de marketing, a exemplo do que ocorreu com o Obama. Mas por que isso acontece? Como pode até Jesus não se eleger? Aí voltamos ao ponto de partida deste texto.

Você leu a Bíblia ou conhece a história do filho que Deus mandou para nos salvar? Bem, Jesus foi preterido à salvação pelo povo para que o bandido Barrabás fosse libertado. Sim, o povo sempre teve o que merece. Preferiram crucificar Jesus e deixar solto o ladrão. Não sei se isso não é parecido com a atuação do nosso Judiciário com relação aos políticos acusados de desvio de verbas e tudo mais. E também não adianta sonharmos pois não vai aparecer nenhum Jesus para nos salvar lá em outubro.

O que você pode fazer é cobrar, fiscalizar o que a política faz com o seu dinheiro e hoje, graças às modernidades, existem formas de fazer isso sem sair da frente do computador. Mas claro que depois não custa nada se organizar e cobrar uma atitude, de forma ordeira, dos governos com relação ao cumprimento de promessas ou atendimento aos anseios do povo. É assim que você atua na política sem ser político, fiscalizando, acompanhando e liderando movimentos. E vamos parar com a mania de envolver Deus com a política, por favor...