Pobres pais, Pobres filhos, Pobres famílias!

A cena:

- Um pai em frente à coordenadora pedagógica de seu filho, dentro de uma instituição de ensino , pedindo para que ela fosse até a sala de aula e dissesse ao menino:

_Que ele, seu pai, amava o filho.

Vocês estão assustados? Eu também fiquei. No mínimo um caso inusitado... Mas, não é não! Esse fato é só mais um dentre tantos outros que nós, profissionais da educação, nos deparamos hoje em dia.

Como estão as famílias hoje? Os papéis estão invertidos? Houve uma troca de valores?Os filhos estão no lugar errado ou os pais estão perdidos?

Esse pai me procurou para contar em detalhes o motivo que ocasionou o mal estar entre ele e o filho logo de manhã antes do horário da aula. Acreditem. O pai estava com toda razão. Entretanto, o que poderia apenas ter sido um bom “puxão de orelhas,” necessário, após uma transgressão juvenil, tinha transtornado aquele adulto. A culpa por ter sido mais enfático e dado o limite correto, causou uma enorme insegurança naquele homem.

Ele estava ali, apavorado, porque não queria “perder” o amor de seu filho. Disse-me ele que no calor da discussão, o filho deixou claro que por isso que preferia a mãe, ela não brigava com ele.

Todos nós que já passamos da adolescência sabemos que em um determinado momento também ficamos com raiva de nossos pais, principalmente daquele que dá o limite com mais segurança. Ser adolescente é transgredir. Cabe a nós, adultos, mostrar aos jovens o certo e o errado. Esse é o nosso papel.

Passei pelo menos uma hora conversando com esse senhor aflito e “perdido”. Um pai que não está sabendo como mostrar a seu filho quem é ele. Qual o lugar que ocupa nessa família. Qual a importância de ser respeitado. O que esse filho precisa aprender no processo de seu crescimento sobre valores.O respeito à família é imprescindível como alicerce para o compromisso com os valores em geral. É na família que tudo começa.

Será que nossa sociedade está mesmo cega para isso? Será que os jovens de hoje estarão preparados para enfrentar a vida? Tenho muitas dúvidas...

Trabalhando com os adolescentes me preocupo muito com as famílias, elas são e serão sempre as maiores responsáveis por uma sociedade mais justa e mais feliz.

Não acredito na tese que a falta de tempo dos pais é o que compromete uma boa educação. O tempo, sem dúvida é importante, mas, muito mais importante é a qualidade do amor que cada um dedica aos filhos quando estão próximos. A qualidade do tempo.

Lógico que não fui dar o recado. Pedi que o pai fizesse isso pessoalmente. Eles acabaram se entendendo na minha sala com um belo abraço. O menino ,para falar a verdade, estava bem à vontade e disse que já tinha até “desligado” o que aconteceu. O pai depois das desculpas costumeiras foi embora feliz. Afinal, o filho gosta dele e não ficou com raiva. Isso basta.

Pobres pais. Pobres filhos! Pobres famílias!