Bolsa

Acho que um dos mistérios que fascina os homens em relação às mulheres, são as bolsas que elas usam, ou melhor, o que elas levam dentro delas.

Afinal, para nós homens é difícil compreender para que serve uma bolsa, se numa carteira podemos levar tudo o que precisamos.

Para que carregar mais do que uma carteira de identidade, uma carteira de motorista vencida, extrato de conta de banco, de compra de cartão de crédito, um único cartão de crédito, um talão de cheque amassado, bilhetes de loterias velhos, guardanapos de bar com o telefone de alguma paquera de dois meses atrás e para qual a gente nunca ligou, sete caroços de romãs colocados na noite de 31 de dezembro para ver se atrai mais dinheiro. Isso é suficiente para qualquer homem, munido disso, estamos preparados para sairmos à rua.

Mas a mulher é diferente, é um bicho esquisito, como já dizia Rita Lee. O ditado diz: “Diga-me com quem anda que te direis quem és”, para a mulher, deveria ser alterado, “mostra-me tua bolsa que eu te direis quem és.”

A bolsa reflete melhor quem é a sua dona do que um espelho, através dela a gente sabe se a pessoa quem conduz é prática, romântica, uma criança que quer colo, mãezona. Não quero comentar sobre a bolsa em si, ela pode ser cara, barata, comprada em uma loja de grife, na feira ou em um camelô de uma esquina de qualquer cidade, eu quero falar sobre o que tem dentro dela.

A mulher prática não sai de casa sem colocar na bolsa seu palm-top com sua agenda do dia, sua calculadora financeira HP com todos os índices financeiros, cotação do dólar, da bolsa de valores, seus três celulares.

A consumista não imagina sua bolsa sem o Credicard, Visa, cartão da Riachuelo, C&A, Carrefour, Casas Bahia e talões do Bradesco, Itaú e até do Bamerindus.

A mulher romântica tem sempre bem guardado aquele chaveirinho em forma de coração, a última pétala do buquê de flores que ela recebeu do namorado há um ano.

Bonequinhos, gibis, palavras cruzadas são os objetos que não podem faltar daquela mulher que nunca deixou de ser criança.

A intelectual nunca deixa sua bolsa sem um livro de psicologia de Freud, inúmeras canetas e lápis.

A bolsa da mulher moderninha tem sempre um acessório que até pouco tempo era exclusivo de carteiras masculinas, o sempre útil preservativo ou a pílula do dia seguinte.

Já a religiosa acha que sem a bíblia, o terço, a oração de São Judas Tadeu e São Cristóvão (o protetor dos motoristas, no caso nós homens) não pode sair de casa.

Até as supermães personalizam suas bolsas com a foto do filho, chupetas, cartão de vacina.

A mulher prevenida não pode faltar sem o absorvente, nem que tenha menstruado há apenas dois dias ou o comprimido para dor de cabeça ou para a azia que ela nunca toma, a aquela pequena sobrinha, mesmo que no céu não tenha uma nuvem, uma lingerie sobressalente para caso de necessidade, seja ela de que natureza for.

E tem também os acessórios comuns que não podem faltar na bolsa de nenhuma mulher seja ela prática, romântica, mãezona, prevenida: o baton, o lápis, o espelho, a escova.

Seja como for, imploramos que nos seja permitido, antes de começarmos qualquer relacionamento com alguém do sexo oposto, abrir e verificar minuciosamente a bolsa da nossa futura esposa, noiva, namorada, assim brigas seriam evitados, aconteceriam menos divórcios e saberíamos melhor como agradar a esses seres humanos que podem dominar o mundo apenas com que levam na bolsa.