A flor da inocência

Violência retumba no espaço..

O mundo se inunda na cor da separatividade.

Os olhos da Vida não se parecem ver, afastam-se na busca desenfreada do ter...

O ser se distancia nas amarras do ego...

Gestos simples não se celebarm, não cabem nesse cotidiano apressado... Mas existem, passam na omissão, e persistem...

Numa tarde cinzenta, trégua de uma chuva mansa e benigna, desço do ônibus e tomo o rumo de casa...

O cansaço era visível, depois de um dia bem vivido...

Do nada, num passeio estreito de prédios nobres, irrompe-se aquele ser pequenino... Sem temor, aproxima-se:

-Moça, quer uma flor?

Um senhor que ia do lado, para e sorri, a cena era sagrada, divina!

Uma criança, via-se nela a beleza de Deus, a vulnerabilidade latente nas vestes e face, em contraste com a riqueza da cena/doação.

Perplexa, talvez, eu esperasse que pedisse um brinquedo, uma roupa, um dinheiro, não, o discurso fora outro: generosidade e amor, inocência e pureza, gratuidade...

_ Moça, quer uma flor?

Do fundo de minha alma, despertei-me num muito obrigada comovida e encantada, o corpo, ainda sem ação, imóvel. E quando busco aquela criatura angelical para abraçá-la, ampliar meu agradecimento, num toque de corpos, já se fora, na sua inocência santificada, a correr no espaço, sem tempo, de sua infância feliz...

Luz Airam
Enviado por Luz Airam em 15/04/2010
Reeditado em 15/04/2010
Código do texto: T2197750