O ESPELHO DA VIDA
Às vezes passo diante o espelho e vejo um senhor, com um tom grisalho nos cabelos e no rosto algumas rugas dando um ar de austeridade. Assusto! Esse senhor sou eu. Cheguei até aqui e nem percebi, a juventude passou, evaporou-se, foi como o despertar de um sonho. Interiormente não sinto a idade, mas o corpo não obedece à maioria dos meus desejos. A luta é diária contra essa coisa chamada velhice corporal, mentalmente ainda não envelheci, por isso dentro de mim existe um conflito entre o jovem e o velho, ainda quero jogar futebol, correr, brincar com os netos, dançar e até fazer amor com bastante intensidade, mas a matéria não colabora, prefere o balançar de uma rede ou uma confortável cadeira de balanço. Talvez esse corpo até mereça tudo isso, mas eu não quero, vou “brigar com esse senhor”, ele vai ter que me acompanhar nas longas caminhadas que ainda pretendo fazer.