EU, ATLETA?
EU, ATLETA?
Longe vai o tempo, eu estava no quartel em Resende-RJ. Era final de semana, plantão no sábado e folga no domingo. Período muito curto para ir para Angra dos Reis. Fazer o quê? Ficar no quartel jogando dominó com os colegas? Combinei com dois companheiros e partimos para um passeio a Cruzeiro –SP. Saltamos do trem e nos deparamos com uma cidade bonita, pequena, uma bela praça, ruas paralelas, um encanto. Pensei: -Salvei o meu domingo! Tudo estava desenhado para ser um passeio espetacular. Como ainda era cedo, ainda não havia muita gente na praça, conforme costuma ficar à tardinha nas cidades interioranas. Então fomos caminhar e conhecer a cidade. Passamos por várias ruas, paramos, tomamos refrigerantes... Esqueci de falar, estávamos fardados, conforme mandava o regulamento. Em determinado momento, resolvemos subir uma pequena ladeira que parecia ser interessante. Em instantes já lá no alto, no canto da calçada em que estávamos havia uma rampa que dava acesso a uma oficina mecânica que ficava uns dois metros e pouco abaixo do nível da calçada, da qual só se via uma janela aberta. Da oficina dava para ver a calçada, mas da calçada não se via nada no interior da oficina. Quando nos aproximamos da janela, alguém lá de dentro gritou: -Periquito! Um dos meus companheiros nem pensou duas vezes: - É a mãe! Imediatamente saíram pela lateral, subindo a rampa em nossa direção, uns seis ou mais mecânicos armados de chaves de fenda e pedaços de ferros. Não cheguei a pensar em nada, hoje eu sei: todos nós temos o nosso dia de atleta, aquele foi o nosso, ladeira abaixo.