O viagra do "Seu Pepinho"...

Moro em Santana do Livramento, vizinha da cidade uruguaia de Rivera. São cidades gêmeas, e a fronteira entre os dois países é apenas uma rua e a circulação é livre para os nacionais dos dois países. Estando aqui á mais de vinte anos, estou acostumado com os costumes locais, que surpreendem aos visitantes desavisados . Um dos meus cunhados veio de Porto alegre para compras nos free-shops uruguaios e trouxe consigo o sogro viúvo. Em conversa reservada, fiquei sabendo que o sogro dele tinha arrumado uma namorada depois de um longo tempo de viuvez e solidão e que a coisa era séria... Acontece que o velho queria casar de novo, mesmo tendo mais de oitenta anos e parece que nem tudo andava tão bem..... e já que o viagra nas farmácias brasileiras era caro demais para a aposentadoria do velho, porque não aproveitar a visita? Pois o Seu Pepinho tinha descoberto que no Uruguai, as pílulas milagrosas eram muito mais baratas e sem exigência de receita médica! Então o velhinho comprou um estoque, levou para a capital e desfrutou finalmente as delícias do sexo. Fiquei sabendo depois que a “lua de mel” do casal tinha sido um sucesso e tanto. Mas... As coisas boas não duram para sempre e um dia o viagra castelhano acabou... Conta o meu cunhado que o sogro vivia insistindo para visitar outra vez a fronteira, pois dizia ter gostado muito daqui, lugar mui lindo, por supuesto... Na verdade, o homem queria mesmo era renovar o estoque do milagroso medicamento para continuar a sua lua de mel . Um belo dia, recebo a incumbência urgente e urgentíssima de comprar o tal medicamento para o Seu Pepinho. Não tive como fugir da tarefa, pois até depósito na minha conta corrente foi feito para custear a preciosa e indispensável encomenda! Fiquei chateado com a embaraçosa incumbência, mas como era um favor para amigos estimados, lá fui eu em busca de uma farmácia uruguaia, onde tentei entrar disfarçadamente e mais disfarçadamente ainda, pedir ao balconista o remédio. O sujeito, nem um pouco discreto, perguntou em altos brados, quantas caixas de remédio para “palo duro” eu queria! Quando falei que iria levar duzentas caixas, emudeceu, arregalou os olhos e começou a ensacar as caixas, sob os olhares espantados de duas matronas uruguaias que lá se encontravam... A operação compra demorou vários minutos e notei que havia um burburinho vindo das duas senhoras presentes e que a coisa me dizia respeito! Quando finalmente paguei e saí do lugar com o enorme saco, escuto: - olha só este velho sem-vergonha... Olha só... – este velho brochão! Tinha que estar em casa cuidando dos netos e não pensando em sacanagem! São todos a mesma coisa! Alguém tinha que contar pra mulher desse bode velho o que ele anda fazendo por aí... Garanto que é pra sacanagem com alguma amante... Safado! Se fosse comigo, ele ia ver só... Velho tarado, só capando....

Resolvi escapar dali o mais rapidamente possível antes que a coisa ficasse pior, pois as duas matronas e o balconista foram para a calçada e ficaram me olhando feio até eu arrancar o carro e disparar de volta para a segurança das terras brasileiras. Moral da história: que cada um dê um jeito na sua brochiche e não meta os parentes nisso. Remeti tudo em segurança para Porto Alegre, para alegria do casal necessitado e avisei que de agora em diante, vou cobrar uma comissão de dez por cento sobre o total de comprimidos que comprar para o Seu Pepinho! Em consideração a ele, pode me pagar com comprimidos, com desconto na fonte... Afinal, na minha idade, nunca se sabe...