BIENAL

Conhecer de perto a Miriam Sales, escritora baiana da melhor qualidade é um desejo que venho acalentando desde que a conheci através do Recanto e comecei a ler seus textos maravilhosos até chegar ao seu já consagrado livro CONTOS E CAUSOS. Ela também foi a primeira pessoa a me incentivar e dar muitas dicas para publicar o meu. Cheguei à Bienal do Livro que está acontecendo aqui em BH e ela tinha acabado de sair, segundo o pessoal do stand da Bahia que está montado lá com muitos autores baianos. Mas eu volto, terei prazo ainda até o final da semana.

Escolhi um dia de semana também porque queria ver as crianças que as escolas de ensino fundamental e médio estão levando ao evento. Nesse aspecto deu para sentir uma alegria que amenizou o frustrado encontro. Havia mais de dez escolas e pelo menos uns quinhentos meninos e meninas se esbaldando nas editoras, livrarias e quiosques de livros infantis, a 1, 2, até 5 cinco reais. E o melhor, quase todos comprando livros, muitos livros. É um grande alento nesse país de tão pouca leitura. Uma injeção de ânimo para quem guarda só um restinho de esperança num cantinho da mente e no coração, de que as coisas podem ser melhores do que são. Fiquei envaidecido, como se fosse um professor de literatura. As professoras deixaram os meninos lá com os monitores e foram viver seu lado criança também. A maioria foi se esbaldar nas praças de alimentação, com os olhinhos brilhando, diante das imagens de pizzas, empadas e pipoca. Afinal, ninguém é de ferro, elas merecem um momento de relaxamento e descontração. E muito.

Ainda peguei uma palhinha numa mesa redonda na Arena Jovem (olha eu, hein?) com Dado Villa Lobos, falando sobre música e literatura, o Henrique Rodrigues que organizou um livro de contos com temática baseada em letras de 20 músicas do Legião Urbana e mais o Carlos Marcelo, um brasiliense que escreveu um panorama sobre Brasília dos tempos de Renato Russo e da formação do Legião. Uma beleza! E andei, andei, vi, babei e fiquei com aquela vontade de comprar logo a metade da bienal. Ah, se me dinheiro desse...

De repente, vejo um stand escrito Senado Federal. Entrei, não tinha ninguém. E pensei, meu Deus, será que transferiram alguma sessão para cá? Vazio assim, só pode. Depois é que me lembrei que hoje é segunda feira, não é mesmo dia de marcar presença. Antes de vir embora resolvi voltar lá para saber se tinha direito a um livro, havia tantos... Só então encontrei uma moça, muito solícita para me explicar que as publicações do senado são vendidas, que não há como fazer um exemplar para doar a cada brasileiro, etc. Eu havia argumentado com ela que havia pensado ter direito a um livro nem que fosse sobre legislação, já que a gráfica e editora do senado é paga com o nosso dinheiro, não é? Cedi aos argumentos dela, as publicações não são de um ou outro senador, são da “casa”. Será que era por isso que o stand estava tão vazio?

O resto da bienal todinha vale muito a pena. Quarta feira eu volto lá. Vai ter Rubem Alves. Imperdível!

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 17/05/2010
Código do texto: T2263179
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